Morre Zagallo, o único tetracampeão mundial de futebol
O ex-jogador e treinador faleceu aos 92 anos no Rio de Janeiro, deixando um legado de glórias e conquistas para o esporte brasileiro

O futebol brasileiro está de luto. Morreu nesta sexta-feira (5), no Rio de Janeiro, Mário Jorge Lobo Zagallo, o Zagallo, aos 92 anos. Ele estava internado em um hospital na Barra da Tijuca, com uma infecção urinária, e não resistiu às complicações. Zagallo é uma das maiores lendas do futebol mundial, sendo o único a participar de quatro títulos de Copa do Mundo como jogador e treinador.

Zagallo nasceu em Maceió (AL), em 9 de agosto de 1931, mas foi criado no Rio de Janeiro, onde iniciou sua carreira como ponta-esquerda no América, em 1950. Considerado um jogador moderno e versátil, que ajudava na marcação e na armação das jogadas, Zagallo se destacou no Flamengo, onde conquistou três campeonatos cariocas (1953, 1954 e 1955) e se tornou ídolo da torcida rubro-negra.
Em 1958, Zagallo foi contratado pelo Botafogo, formando uma equipe memorável ao lado de craques como Garrincha, Didi, Nilton Santos e Quarentinha. Pelo alvinegro, Zagallo foi bicampeão carioca (1961 e 1962) e bicampeão mundial pela seleção brasileira, nas Copas da Suécia (1958) e do Chile (1962). Ele disputou 33 jogos com a camisa verde e amarela, marcando cinco gols.
Após encerrar a carreira como jogador, em 1965, Zagallo se tornou treinador do Botafogo, levando o clube ao título carioca de 1967 e ao Torneio Rio-São Paulo de 1966. Em 1969, ele assumiu o comando da seleção brasileira, que se preparava para a Copa do Mundo do México, em 1970. Com uma equipe repleta de talentos, como Pelé, Tostão, Jairzinho, Rivelino e Gérson, Zagallo conduziu o Brasil ao tricampeonato mundial, com uma campanha impecável de seis vitórias em seis jogos.

Zagallo continuou à frente da seleção até a Copa de 1974, na Alemanha, quando o Brasil ficou em quarto lugar, sendo eliminado pela Holanda na semifinal. Depois, ele treinou diversos clubes, como Flamengo, Fluminense, Vasco, Al-Hilal (Arábia Saudita), Bangu e Portuguesa. Em 1982, ele voltou à seleção como auxiliar técnico de Telê Santana, mas não conseguiu evitar a eliminação na segunda fase da Copa da Espanha.
Em 1994, Zagallo retornou ao comando da seleção, desta vez como coordenador técnico, ao lado do treinador Carlos Alberto Parreira. Juntos, eles levaram o Brasil ao tetracampeonato mundial nos Estados Unidos, após uma dramática disputa de pênaltis contra a Itália na final. Zagallo se tornou o primeiro e único a participar de quatro títulos mundiais: dois como jogador, um como treinador e um como coordenador.

Em 1998, Zagallo assumiu novamente o cargo de treinador da seleção, com a missão de conquistar o penta na Copa da França. Apesar de contar com o talento de Ronaldo, Rivaldo, Bebeto e outros, o Brasil foi derrotado pela França por 3 a 0 na final, em um jogo marcado pela polêmica convulsão de Ronaldo horas antes da partida. Zagallo deixou a seleção após o vice-campeonato, mas ainda trabalhou como auxiliar técnico de Parreira na Copa de 2002, na Coreia do Sul e no Japão, quando o Brasil se sagrou pentacampeão.
Zagallo se aposentou do futebol em 2006, aos 75 anos, após uma breve passagem pelo Flamengo como supervisor. Desde então, ele se dedicou à família e aos amigos, sofrendo com alguns problemas de saúde, como uma infecção respiratória em 2022 e uma infecção urinária em 2023. Em 2012, ele perdeu sua esposa, Alcina Zagallo, com quem era casado desde 1955 e teve quatro filhos.
Zagallo deixa um legado de glórias e conquistas para o futebol brasileiro, sendo reconhecido como um dos maiores vencedores e um dos nomes mais respeitados no esporte. Sua frase mais famosa, \”vocês vão ter que me engolir\”, dita após o título da Copa América de 1997, resume bem o seu espírito guerreiro e vitorioso. Zagallo foi, é e sempre será um ícone do futebol, um exemplo de dedicação e paixão pelo que fazia. O Velho Lobo se foi, mas sua história jamais será esquecida.

Fonte ;G1



