Educação

Um em cada três empresários afirmam que ensino técnico é o ponto mais forte da educação brasileira

Destaque do sistema educacional brasileiro pela qualidade e aproximação com o mercado de trabalho, o ensino técnico deve receber mais atenção dos jovens e ser uma das prioridades do governo, na opinião dos empresários industriais. 

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Social da Indústria (SESI) ouviram 1.001 executivos de pequenas, médias e grandes indústrias sobre a educação no país. O questionário, aplicado em abril, teve um bloco dedicado ao ensino técnico e à qualificação de mão de obra. 

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Social da Indústria (SESI) ouviram 1.001 executivos de pequenas, médias e grandes indústrias sobre a educação no país. O questionário, aplicado em abril, teve um bloco dedicado ao ensino técnico e à qualificação de mão de obra. 

“O Brasil e os empresários brasileiros têm um grande desafio, a baixa produtividade, que ganha camadas de complexidade se somarmos alguns fatores que caracterizam o nosso mercado de trabalho: a transição demográfica, com menos jovens compondo a força de trabalho, as altas taxas de desemprego desse grupo, o baixo nível de qualificação profissional e a digitalização, que demanda novos conhecimentos”, avalia o diretor do SESI e do SENAI Rafael Lucchesi. 

Segundo ele, é nesse contexto que o ensino técnico ganha relevância. “Além de melhorar a empregabilidade do jovem, tirando-o do quadro de exclusão social e proporcionando uma fonte de renda, a educação profissional contribui para melhorar a produtividade do país, ao qualificar o trabalhador”. 

Com melhor avaliação de qualidade, ensino técnico é atributo da educação brasileira 
Entre as etapas de formação, o ensino técnico, também conhecido como profissionalizante, aparece com a melhor avaliação (55% acham ótimo ou bom e 9% ruim ou péssimo), seguido pela especialização/pós-graduação (54% ótimo ou bom e 9% ruim ou péssimo). Por outro lado, o ensino médio (14% bom e 39% ruim ou péssimo) e a alfabetização (21% ótimo ou bom e 38% ruim ou péssimo) ficam na lanterna. 

Vale lembrar que pesquisa semelhante foi realizada com a população, em dezembro do ano passado, e os empregadores são mais críticos que a sociedade: 45% dos empresários avaliam a educação no país como ruim (26%) ou péssima (19%) e só 9% como boa. Entre a população, os índices eram: 23% de ruim (9%) ou péssima (14%), 22% como boa e 8% ótima. 

Outra prova de que a educação profissional alcançou o reconhecimento de lideranças é que 1/3 dos entrevistados o colocam como o ponto mais forte na educação pública no Brasil. Em seguida aparecem ensino superior, como escolha de 23%, e ensino fundamental, com 12%. Na lista de pontos fracos da rede pública, lideram o ensino fundamental (citado por 36% como o nível mais fraco), o ensino médio (29%) e a alfabetização (19%).  

Na visão dos empresários, os pontos positivos da formação técnica são: preparar melhor para o mercado de trabalho (45%), cursos mais focados (28%), cursos mais práticos (22%), boa aceitação no mercado de trabalho (18%), ter mais conhecimento/habilidades (17) e começo na carreira profissional (16%). 

Ainda, 9 em cada 10 concordam que os cursos técnicos permitem ingresso mais rápido no mercado de trabalho e que é mais fácil conseguir um emprego com formação profissional. Para 85%, os cursos técnicos permitem concorrer a uma oferta maior de vagas de emprego. Na comparação com o ensino superior, para 63% o curso técnico dá grande vantagem para se conseguir o primeiro emprego; e, para 75%, são cursos mais ligados às necessidades do mercado. 

Participação do poder público e prioridades para o governo  
Questionados sobre os obstáculos para os jovens se engajarem no ensino técnico, os entrevistados apontam falta de interesse pessoal (34%), falta de incentivos (25%), falta de informação (22%) e falta de vagas (15%). Se pudessem recomendar uma formação técnica para um jovem, 30% indicariam na área de Tecnologia da Informação (TI), 10% na mecânica, 9% eletricista, 8% em administração, 5% automação industrial e 4% mecatrônica. 

Essas áreas e ocupações não aparecem por acaso. Olhando para as inovações tecnológicas que estão impactando as cadeias e processos produtivos, 7 de cada 10 empresários (68%) afirmam, em pergunta espontânea, que as atividades mais promissoras para os jovens no Brasil nos próximos 10 anos são de TI, áreas da saúde (11%), engenharias (10%), automação industrial (5%) e agronomia (4%). 

É diante do desafio de conciliar as demandas do setor produtivo com as políticas para a juventude que ⅕ dos empresários (21%) colocam o ensino técnico como prioridade na pauta educacional do governo para os próximos anos, ficando atrás apenas do ensino fundamental (33%) e na frente da alfabetização (18%) e do ensino médio (17%). 

Hoje, em uma escala de 0 a 10, os empresários dão nota 4,5 para o incentivo do poder público ao desenvolvimento do ensino técnico no país. Para 46% das pessoas ouvidas, a qualificação dos trabalhadores é mais responsabilidade do estado que da iniciativa privada; para 28%, essa ação deve ser compartilhada igualmente; e 9% defendem que é mais da iniciativa privada que do estado. Só 13% acreditam que é exclusivamente do estado e 2% exclusivamente do setor privado. 

Destaques da pesquisa com empresários industriais:

– 1/3 coloca o ensino técnico como o ponto mais forte na educação pública no Brasil, na frente do ensino superior (23%), ensino fundamental (12%), especialização/pós-graduação (10%), ensino médio (10%), alfabetização e creches (6% cada); 
– 9 em cada 10 concordam que os cursos técnicos permitem ingresso mais rápido no mercado de trabalho; 
– 1 a cada 3 empresários acreditam que a falta de interesse pessoal é o principal obstáculo para os jovens cursarem o ensino técnico; 
– 21% afirmam que o ensino técnico deve ser a prioridade na agenda educacional do governo; 
– 83% acreditam que a responsabilidade pela formação dos trabalhadores é do estado junto à inciativa privada; 
– 75% concordam que os cursos técnicos são mais ligados às necessidades do mercado do que os de ensino superior. 

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