
Mulheres diplomatas cobram do governo Lula paridade em nomeações para cargos e missões do Itamaraty
Mulheres diplomatas, integrantes da Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras (AMDB), cobram do governo Lula paridade em nomeações para cargos de chefia da diplomacia brasileira. A entidade divulgou uma nota, na última quinta-feira (22/06), em que demanda do Ministério das Relações Exteriores (MRE) que valorize a inclusão e a diversidade.
O MRE não comentou o caso, mas os números divulgados pelo Itamaraty na última promoção da carreira indicam a ampliação do protagonismo feminino. A nota das diplomatas rompe com a tradição de discrição do Itamaraty nos assuntos internos.
A embaixadora Irene Vida Gala, presidente da associação, disse que “as chefias do Itamaraty estão assustadas, é a primeira vez que as demandas saem a público”. “Ainda não estamos rompendo o teto de vidro do Itamaraty, mas estamos rompendo as paredes de vidro que separavam o ministério da sociedade brasileira”, disse a embaixadora. Ela destacou que a entidade tem uma adesão de quase 70% do total de mulheres diplomatas.
A Associação das Mulheres Diplomatas decidiu emitir uma nota pública depois de verificar que, nesta semana, mais quatro homens foram designados para ocuparem chefias de missões consulares brasileiras no exterior (Barcelona, Cantão, Buenos Aires e Tóquio). Segundo a associação, no conjunto, todas as designações até hoje tornadas públicas pela atual chefia do Itamaraty perfazem um total de 47 nomes, dos quais 41 homens e seis mulheres, o que representa 12,7% das indicações.
Antes do início do governo Lula neste ano, as mulheres ocupavam 14,2% das chefias de missões do Brasil no exterior. Agora, com as nomeações já tornadas públicas pelo atual governo, houve o aumento de um ponto percentual, passando as mulheres a ocuparem 15,2% das chefias de missões brasileiras no
exterior. Na Secretaria de Estado das Relações Exteriores, foram nomeadas três mulheres para cargos do segundo escalão (3 em 10, ou o equivalente a 30%), enquanto na gestão anterior eram duas as mulheres em posições semelhantes (2 de 7, ou o equivalente a 28,57%).
“A Diretoria da AMDB vem a público manifestar sua profunda frustração com a falta de compromisso da chefia do Ministério das Relações Exteriores (MRE) com a promoção de uma política de gênero institucionalizada dentro da órgão, em particular no tocante à ocupação de cargos de chefia no Brasil e no exterior. Os números vão na contramão das palavras do próprio Ministro das Relações Exteriores que, em seu discurso de posse, anunciou a elaboração de uma política de diversidade e inclusão no Itamaraty e, mais especificamente, o compromisso de “ampliarmos sua presença (das mulheres) em cargos de chefia”, diz a nota da AMDB.



