Agricultores e polícia medem forças durante protesto em Bruxelas
Centenas de agricultores rumaram com seus tratores, nesta segunda-feira (26/02), até o coração de Bruxelas, onde bloquearam os acessos à rotunda Schuman, nas imediações dos edifícios da Comissão Europeia e do Conselho Europeu. As forças de segurança recorreram ao uso de gás de pimenta e canhões de água para dispersar os manifestantes, que romperam até mesmo uma barreira de segurança.
Os agricultores reivindicam apoio imediato das autoridades face às dificuldades vividas pelo setor, na sequência de contestações que têm percorrido diferentes países da União Europeia. Em pauta nos protestos estão os impactos das metas ambientais traçadas pelos diretórios do bloco.
Por volta de 8h15, o correspondente da RTP em Bruxelas, Duarte Valente, descrevia o ambiente de tensão na capital belga. Era já visível a repressão exercida pelo dispositivo policial, que recorria a canhões de água.
”Os agricultores, de manhã, muito cedo, por volta das 6h00, ocuparam esta que é uma das principais avenidas de Bruxelas, que atravessa o bairro europeu, onde estão as sedes das principais instituições europeias – a sede do Conselho Europeu e também a sede da Comissão Europeia -, ocuparam a estrada, cortaram-na com pneus, já tentaram por fogo, e por isso os canhões de água foram usados”, relatou o repórter.
Já perto das 10h00, foi rompida uma das barreiras de segurança instaladas entre o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia.
A polícia utilizou gás pimenta contra os agricultores. Além dos acessos à rotunda Schuman, foi igualmente bloqueada a Rue de La Loi, uma das principais vias de Bruxelas. No dia 1º de fevereiro, uma outra manifestação já havia sido realizada perto do Parlamento Europeu.
Nesta segunda-feira, os ministros da Agricultura dos 27 países-membros se reúnem em Bruxelas, debruçando-se sobre medidas de apoio para o setor agrícola, em concreto, sobre propostas para simplificar a Política Agrícola Comum, flexibilizando, por exemplo, as obrigações de rotação de culturas.
“A discussão desta segunda-feira vai focar-se em medidas de curto prazo aplicáveis muito rapidamente”, adiantou fonte diplomática europeia, citada pela agência France Presse. Isto na antecâmara de eventuais revisões legislativas mais aprofundadas da PAC, que terão de envolver o Parlamento Europeu.
As organizações representativas dos agricultores já fizeram saber que consideram insuficientes as respostas das instituições, exigindo desde já “a paragem definitiva” das negociações comerciais com o Mercosul e, como reivindicação estrutural, uma “melhor partilha do valor” da produção com os industriais e a grande distribuição.
Fonte: RTP
