Política

Anistia para condenados pelos atos de 8 de janeiro é rejeitada por 63% dos brasileiros

Pesquisa Datafolha mostra que apenas 31% dos entrevistados se disse a favor da anistia

A anistia para os participantes dos atos extremistras de 8 de janeiro de 2023 é rejeitada por 63% dos brasileiros. Foi o que mostrou uma pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (29/03). De acordo com o levantamento,  se declararam a favor do perdão 31%; outros 2% se disseram indiferentes e 4% não quiseram opinar.

Foram ouvidas, de forma presencial, 2.002 pessoas acima dos 16 anos em 147 cidades espalhadas pelo Brasil. A pesquisa foi realizada de 19 a 20 de março. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Bolsonaro incentivou pedido de anistia

Durante ato público em São Paulo, em 25 de fevereiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a anistia dos “pobres coitados” presos no 8 de Janeiro, quando os prédios públicos do Executivo, Legislativo e Judiciário foram invadidos e depredados.

“Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil. Agora, nós pedimos a todos 513 deputados e 81 senadores um projeto de anistia para que seja feita justiça no nosso Brasil”, declarou o ex-presidente Jair Bolsonaro na época do evento em São Paulo. O ex-presidente afirmou que quem depredou o patrimônio público deve pagar, mas que as penas aplicadas “fogem ao mínimo da razoabilidade”.

Dois dias depois, em 27 de fevereiro, Jair Bolsonaro afirmou que o projeto de “perdão” para os condenados pelos atos de 8 de janeiro não é de interesse do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“O Executivo não tem interesse em aprovar a anistia, mesmo sabendo de pessoas humildes que estão sendo condenadas com uma pena muito alta. E ele [Lula] se apega a isso como se, agindo dessa maneira, ele evitasse que o Brasil se transformasse em um regime de exceção. Eu entendo exatamente o contrário”, disse o ex-presidente na data.

Em 13 de março, a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia declarou que ter uma anistia concedida “não parece ser o caso” dos presos envolvidos no 8 de Janeiro. À GloboNews, ela disse que o mecanismo deve ser usado apenas em um “sentido humanitário” em penas consideradas “indevidas”.

A magistrada afirmou: “A anistia, portanto, é um instrumento que vem para dar um caráter humanitário para determinadas situações, para penas consideradas indevidas ou desumanas. Não me parece ser o caso [dos envolvidos no 8 de Janeiro]. Mas, se um pedido vier ao STF, será judicializado. Não há assunto proibido”.

Bolsonarismo defende anistia

O Datafolha revela que há um apoio maior no bolsonarismo ao tema do perdão, mas ele não é avassalador como em outras questões, comparado com a opinião dos petistas.

Segundo o Datafolha, se dizem a favor da anistia 40% dos eleitores de Bolsonaro no segundo turno de 2022, ante 25% dos de Lula. Contra o instrumento estão 71% dos votantes petistas e 53%, dos bolsonaristas.

No sábado passado (23), manifestantes de grupos de esquerda protagonizaram protestos dispersos pelo país contra Bolsonaro e, especificamente, a ideia de anistiar os réus e condenados do 8/1 –medida que não está colocada no Supremo, de todo modo.

Mesmo entre segmentos que costumam se alinhar ao bolsonarismo, não surgem discrepâncias muito grandes. Para 59% dos evangélicos, por exemplo, a anistia não deve ser concedida, ante 33% que a defendem.

Os números foram aferidos nos dias 19 e 20 de março com 2.002 entrevistados. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Clique aqui e leia mais sobre a pesquisa Datafolha sobre a questão da anistia a presos do 8 de janeiro.

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Fonte: Folha de S.Paulo

Foto: Joedson Alves / Agência Brasil

 

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