Europa perde € 33 milhões por hora em impostos não pagos pelos super-ricos

Os governos da Europa perdem anualmente € 286,5 bilhões em receitas, o equivalente a € 33 milhões por hora, por não conseguirem tributar de forma justa os mais ricos da Europa. Este montante, equivalente ao PIB da Finlândia, representa o que um imposto europeu sobre a riqueza de até 5% poderia arrecadar todos os anos, de acordo com a análise da ONG britânica Oxfam.

Os integrantes do 1% mais rico da Europa possuem quase metade (47%) de toda a riqueza financeira do continente, incluindo depósitos bancários, ações, obrigações e empréstimos. Desde 2020, os multimilionários da UE aumentaram a sua riqueza acumulada em um terço, atingindo € 1,9 trilhões no ano passado. Ao mesmo tempo, 99% da população da UE tornou-se mais pobre, segundo a organização. Estas cerca de 443 milhões de pessoas detinham € 57 bilhões em 2019, valor que caiu para € 54 bilhões em 2022.

“Este fosso entre as pessoas super-ricas e as pessoas comuns da Europa está aumentando todos os anos porque os governos da União Europeia não estão conseguindo tributar de forma justa a riqueza extrema. Na França, uma pessoa média paga aproximadamente 50% de sua renda em impostos, enquanto uma pessoa entre o 0,0002% mais rico paga apenas 2%. Na Itália, enquanto a maioria dos cidadãos paga entre 40% e 50% do seu rendimento em impostos, os multimilionários pagam apenas cerca de 20%”, calcula a Oxfam.

A Presidência brasileira do G20 defende uma nova agenda global para tributar os mais ricos sobre os seus rendimentos e riqueza. Na próxima semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, irá a Washington, capital dos Estados Unidos, mostrar sua proposta de taxação dos super-ricos, que tem recebido apoio internacional.

Imposto progressivo na Europa poderia aumentar arrecadação

Um imposto progressivo sobre a riqueza entre 2% e 5% sobre os multimilionários e multimilionários da Europa poderia arrecadar € 286,5 bilhões anualmente. Segundo os cálculos da ONG, esse dinheiro poderia pagar:

Quase 40% do fundo de recuperação pós-pandemia da UE.
Mais de 3 vezes o orçamento de ajuda da UE para 7 anos.
Mais de metade da estimativa mais elevada dos custos anuais mundiais para a adaptação e mitigação da crise climática em países de baixo e médio rendimento.

Quase 7 em cada 10 europeus (67%) concordam em tributar os ricos para apoiar os pobres. A Oxfam, juntamente com economistas (como Thomas Piketty), multimilionários (Marlene Engelhorn) e políticos, apoia a Iniciativa de Cidadania Europeia para um imposto europeu sobre a riqueza. Os cidadãos da UE podem propor iniciativas legislativas se for alcançado 1 milhão de assinaturas. O prazo para coleta de assinaturas é 9 de outubro de 2024.

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Fonte: Monitor Mercantil