
“Sérgio Moro é quem deve explicar venda de sentenças”, diz Gilmar Mendes
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, criticou a atuação do ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro (União-PR), atual senador, e do ex-coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), eleito deputado federal, por as atuações na operação. Para o decano, houve manipulação e atentado à democracia durante a condução de ambos. A declaração foi dada na noite desta segunda-feira (08/05), em entrevista ao programa Roda Viva.
“Curitiba gerou Bolsonaro. Curitiba tem o germe do fascismo. Inclusive todas as práticas que desenvolveram. Investigações a sorrelfa e atípicas. Não precisa dizer mais nada. Não é por acaso que os procuradores dizem, por uma falta de cultura, que aplicaram o Código Processual Russo. As acusações contra Lula eram combinadas entre os procuradores e Sergio Moro, agora senador. Moro vaza a delação de Palocci entre o primeiro e o segundo turno de 2018. Participa, portanto, do processo. Assume posição a favor da extrema direita”, disse.
Gilmar Mendes disse que o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) é quem deve dar explicações sobre suposta venda de decisões judiciais.
“Não nos falamos. Na verdade, nessa idade em que estou, com a experiência que eu acumulei, até os inimigos eu tenho que escolher. Eu tenho que escolher as brigas. (…) Encaminhei o assunto ao Ministério Público, que houve por bem fazer uma queixa, uma denúncia contra Sergio”, disse Gilmar Mendes.
Sergio Moro foi denunciado à Suprema Corte pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por calúnia contra o ministro. Em abril, circulou nas redes sociais um vídeo de oito segundos, no qual Moro aparece falando acerca da possibilidade de comprar um habeas corpus do ministro.
Gilmar Mendes foi questionado no programa sobre o inquérito das fake news e os desdobramentos como, por exemplo, os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele apontou uma campanha difamatória contra o Judiciário. “Acho que vamos caminhar para o desfecho desse inquérito. Mas, veja, tivemos o 8 de janeiro — que não estava no nosso radar. E, de novo, precisamos de uma medida. Uma coisa não podemos esquecer quando nasceu o inquérito das fake news. Uma das usinas de fake news, especialmente contra o Supremo Tribunal Federal, era o próprio Ministério Público”, disse o magistrado.
“Eu até disse que o Brasil em algum momento teve a democracia ameaçada e não era exatamente pelo Executivo. Depois teve esse fenômeno do Executivo, por essa participação, mas por Curitiba. Se nós olharmos a manipulação que se fazia por Polícia Federal, Receita Federal, investigações subliminares, e coisas do tipo, isso era uma prática consolidada de Sergio Moro e Deltan Dallagnol e que ameaçava claramente a democracia”, declarou o ministro.
Em outro momento do programa, Gilmar Mendes foi perguntado se ele não se arrependeria de não ter permitido a posse de Lula como ministro da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff. O ministro disse não ter arrependimento e explicou que, naquela época, tinha certeza de que havia um desvio de finalidade na nomeação de Lula pelo governo.
“Se o ex-presidente, agora presidente, estava nomeado para a Casa Civil, por que não se deu posse? Por que se escondeu? Se tivesse problema, ou viesse uma ordem de prisão, mostrasse que já estava nomeado ministro. Por que foi escondido? Tudo isso ficou numa névoa e confusão”, afirmou.



