Artigo de Célia Ladeira – “A energia nuclear e seus riscos”
* Por Célia Ladeira
A Alemanha anunciou o fechamento das três últimas usinas de energia nuclear do país. Na Ucrânia, a principal usina nuclear foi fechada também para evitar que se transformasse numa tragédia a mais na guerra atual. Por que a energia nuclear, que já foi considerada uma energia limpa, representa um perigo para as populações da terra? Um relatório, produzido pelo Greenpeace, descreve os riscos decorrentes de reatores nucleares.
O relatório destaca riscos inerentes ao envelhecimento dos reatores em operação e chama a atenção para os impactos das mudanças climáticas sobre a energia nuclear. Segundo o relatório, todos os reatores em operação possuem falhas de segurança inerentes muito graves, que não podem ser eliminadas com atualizações tecnológicas no sistema de segurança.
A tecnologia mais usada no mundo é a dos reatores de água leve. De acordo com o relatório, um acidente num destes reatores, como aconteceu em Chernobyl, pode liberar uma radioatividade equivalente a centenas de vezes a que foi liberada naquela usina. O desastre teria como consequência a morte de milhares de pessoas e grandes áreas teriam que ser despovoadas.
Ainda segundo o relatório, a idade média dos reatores do mundo é de 21 anos, e muitos países estão planejando estender sua vida útil para além daquela prevista em seu projeto original. Essa prática poderá levar à degradação de componentes críticos e a um aumento nos incidentes de operação, podendo culminar num grave acidente. Os mecanismos de degradação relacionados à sua duração não são bem conhecidos e são difíceis de prever.
Existe um consenso de que a extensão da vida dos reatores é hoje uma das principais questões para a indústria nuclear. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sugestivamente faz a seguinte afirmação: “Se não houver mudanças na política relativa à energia nuclear, a vida das usinas é a única questão mais importante da produção de eletricidade nuclear na próxima década”.
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação
