
França tem novo dia de protestos, mas há redução na quantidade de manifestantes
Cinco dias depois de uma explosão de participação popular nas ruas, o 10º dia de manifestações na França contra a reforma da previdência reúne, nesta terça-feira (28/03), significativamente menos pessoas do que no dia 23 de março, segundo dados tanto de sindicatos como das autoridades francesas.
A redução da quantidade de manifestantes nas ruas foi confirmada pelo secretário-geral da Confederação Democrática Francesa do Trabalho, Laurent Berger. Segundo sindicalista, há nesta terça-feira uma queda de manifestantes da ordem de 20%. A mesma proporção foi verificada na cidade de Nantes, onde os sindicatos estimavam 60 mil manifestantes e a prefeitura registrou de 13 a 18 mil.
A tendência de protestos com menos participantes também foi verificada em Paris, onde a CGT contabilizou 450.000 manifestantes, contra os 800 mil que compareceram às manifestações de 23 de março. Mesmo com a redução de manifestantes, os atos desta terça-feira em Paris também registraram confrontos entre a polícia e um grupo de várias centenas de pessoas. Alguns membros desse grupo saquearam uma empresa Leclerc e incendiaram uma lata de lixo.
Em Marselha, apesar da grande diferença habitual, os números da polícia (11.000) e dos organizadores (180.000) caíram juntos em um terço. O mesmo aconteceu em cidades menores, como Guéret, onde as duas estimativas, ainda muito próximas, caíram pela metade, para 2.000 participantes. A redução nas ruas foi ainda maior na cidade de Rodez, onde a polícia contabilizou 1.200 manifestantes, cinco vezes menos que em 23 de março, e os sindicatos falaram em três mil participantes, ou seja, dez vezes menos.
Mobilização volta a perder força no serviço público
Após um ressurgimento da mobilização no último dia 23 de março, o índice de grevistas voltou a cair nesta terça-feira também entre as categorias do funcionalismo público. Segundo autoridades do governo, apenas 6,5% dos servidores estaduais pararam de trabalhar ao meio-dia. Neste ramo do serviço público, que conta com um total de 2,5 milhões de agentes, 15,5% dos grevistas tinham sido identificados pelo ministério na quinta-feira durante o anterior dia de mobilização, o primeiro depois de o governo ter recorrido ao artigo 49,3 para aprovar a reforma da Previdência.
Ao meio-dia desta terça-feira, a taxa de grevistas atingiu 3,4% nas autarquias (2 milhões de agentes) e 5,4% no serviço público hospitalar (1,2 milhões de agentes). Esses números também se mostraram bem mais baixos do que os verificados em 23 de março (6,5% dos grevistas no território e 8,1% nos hospitais). A taxa provisória de grevistas atingiu, por exemplo, 16,5% ao meio-dia na SNCF, segundo fonte sindical. Uma mobilização, portanto, inferior às anteriores.
Greve dos catadores é suspensa a partir de quarta-feira em Paris
A CGT do setor de resíduos e saneamento anunciou na terça-feira a suspensão, a partir de desta quarta-feira (29/03), da greve dos catadores de lixo em Paris e o bloqueio dos incineradores, que provocam o acúmulo de lixo nas ruas da capital desde 6 de março.
“Precisamos voltar a discutir com os agentes do setor de lixo e saneamento da cidade de Paris para voltarmos mais fortes à greve […], porque quase não temos mais grevistas”, reconhece em nota a CGT- FTDNEEA, que reúne catadores de lixo, coletores de esgoto e caminhões caçamba da capital. Nesta terça-feira, 23º dia do movimento, a coleta de lixo continua interrompida em Paris, e o volume total de resíduos não coletados é de 7.000 toneladas, contra mais de 10.000 na sexta-feira passada, segundo a prefeitura.
Foto: Christophe Petit Tesson/EFE/EPA



