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Artigo de Célia Ladeira – “Democracia à moda cubana”

* Por Célia Ladeira

Seria perfeito se todos votassem no regime que quisessem. Mas estamos falando de Cuba, onde acaba de acontecer uma eleição geral, no último domingo, 26 de março. Foram convocados oito milhões de cubanos para escolher os delegados provinciais e 605 deputados federais. Todos pertencentes a um mesmo partido, o PCC, Partido Comunista Cubano.

A democracia à moda cubana está inscrita na Constituição do país, que classifica o regime de república unitária. A Assembleia Nacional tem 605 cadeiras, representando os municípios cubanos. Eles elegem o presidente de Cuba e votam no nome indicado pelo PCC. Ou seja, um único candidato se apresenta para o cargo. Não há mistérios, questões de cédulas falsas ou qualquer outro obstáculo à realização de uma votação limpa, certeira e sem surpresas.

É tudo tão previsível que o candidato à presidência já está indicado. Todos os deputados que acabam de se eleger vão votar em Miguel Diaz Canel, atual vice-presidente. É a indicação do partido. Não há candidatos avulsos e nem representantes de uma Oposição. Os adversários ao regime já foram presos, desterrados ou mortos.

Segundo a Constituição cubana, a divisão política e administrativa do país tem 15 províncias e 168 municípios. E na administração do país nada de bancadas divergentes, brigas entre presidente e deputados, ou as divergências que afligem os parlamentos dos países democráticos. Quem manda é o presidente da República cubana, e o poder é dividido com a Assembleia Nacional do Poder Popular, órgão supremo, que dita as regras para o governo.

Mas existe toda a liturgia eleitoral. Vota-se em cédulas que são depositadas em urnas, que ficam guardadas em escolas sob as vistas das crianças. Afinal, democracia é o poder do povo e as crianças aprendem desde cedo quais são os heróis da pátria, a quem o povo deve este modelo de democracia unitária.

*  Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação

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