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Artigo de Célia Ladeira – “Um balanço das Olimpíadas”

* Por Célia Ladeira

Foram duas semanas de glórias, alegrias, desencantos e tristezas. Ouvimos o Hino Nacional apenas três vezes, na entrega da medalha de ouro à ginasta Rebeca Andrade, pelas proezas nas barras e na exibição em solo, além da judoca Beatriz Sousa e a dupla de vôlei de praia Duda e Ana Patrícia. Em compensação, outros hinos tocaram e alegraram plateias que representavam povos na maioria desconhecidos dos brasileiros. La Marseilleise fez soar seu brado de guerra nos mais variados espaços da velha e formosa Paris, transformada em pistas, campos de futebol, vôlei ou outras modalidades de disputa esportiva.

Para os brasileiros, houve a constatação, já sentida em outras olimpíadas, de que fazemos muito pouco para nos prepararmos e temos que agradecer aos poucos brasileiros que, por conta própria, treinam e se preparam para concorrer às medalhas de ouro, prata ou bronze. Muitos de nós choramos diante das imagens que chegavam da França, dia e noite. Com poucos aplausos para os brasileiros. Os mais velhos se recordam dos artigos esportivos de Nelson Rodrigues, que afirmou o nosso complexo de vira-lata.

Não me curvo aos grandes grupos esportivos, que chegaram com jornalistas, acompanhantes, preparadores, prontos para brilhar nos palcos e gramados. Só recuso o adjetivo de vira-lata porque respeito nossos bravos concorrentes, brilhando sem claques e nem palmas, realizando maravilhas nas quadras, nos palcos, correndo e dando saltos mortais de assustar a plateia.

Saúdo todos os corajosos atletas na pessoa de quem nos proporcionou magia pura: Rebeca Andrade. Que no futuro muitos outros atletas se juntem a estes desbravadores olímpicos para que possamos apagar de vez da memória o velho complexo de vira-lata.

* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação

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