Ailton Krenak é o primeiro indígena eleito para uma cadeira na Academia Brasileira de Letras

O escritor Ailton Krenak se tornou nesta quinta-feira (05/10) a primeira pessoa indígena a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Krenak era favorito desde que postulou sua candidatura, em setembro, mas chegou a ser ameaçado na corrida pela historiadora Mary Del Priore e pelo também líder indígena Daniel Munduruku.

Havia outros 12 candidatos à concorrida cadeira número 5, antes ocupada pelo historiador José Murilo de Carvalho, morto em agosto aos 84 anos, mas nenhum chegou a ter chance além dos três.

Não é de hoje que se reivindica a presença de uma liderança dos povos originários brasileiros na instituição fundada por Machado de Assis e Rui Barbosa no final do século 19.

Na primeira candidatura de Munduruku, há dois anos, houve uma mobilização de abaixo-assinados para que ele fosse eleito, o que acabou não acontecendo.

Ailton Krenak, eleito agora para a ABL, nasceu em 1953 em Minas Gerais, na região do vale do rio Doce. Ativista do movimento socioambiental e defensor dos direitos dos povos indígenas, participou da fundação da Aliança dos Povos da Floresta e da União das Nações Indígenas (UNI).

Como uma liderança histórica no movimento indígena, exerceu um papel crucial na consquista dos Direitos Indígenas na Constituinte de 1988. É ambientalista, filósofo, poeta, escritor e também doutor honoris causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Em 1988, Krenak participou da fundação da União dos Povos Indígenas. A organização buscava representar os interesses dos povos no cenário nacional. No ano seguinte, participou da Aliança dos Povos da Floresta, movimento que desejava a demarcação de reservadas naturais da Amazônia onde fosse possível a subsistência econômica através do extrativismo.

Em 2005, co-escreveu a proposta da Unesco que criou a Reserva da Biofera da Serra do Espinhaço, que até hoje é membro do comitê gestor. Em 2017, sua tragetória foi tema do documentário “Ailton Krenak e o sonho de pedra”, do diretor Marco Altberg.

Passados os anos, sua voz continuou sempre relevante e ecoante. Em 2019 escreveu o livro “Ideias para Adiar o fim do mundo”, e nos anos seguintes as obras “O amanhã não está à venda” e “A vida não é útil”

 

 

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