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Alckmin critica decisão do BC e diz que juros elevam custo da dívida em R$ 200 bilhões

Depois de conhecida a decisão do Banco Central de não reduzir a taxa Selic, mantendo os juros reais (descontada a inflação) no Brasil no topo do ranking mundial, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, fez os cálculos do impacto da decisão sobre as contas públicas.

“Cada um ponto percentual da taxa Selic custa R$ 38 bilhões. Na prática, se a taxa estiver cinco pontos percentuais acima do aceitável, o custo da dívida aumenta R$ 190 bilhões. Você fica fazendo economia de R$ 1 bilhão, de meio bilhão, e acaba gastando quase R$ 200 bilhões a mais, em razão de ter uma taxa Selic nessa altura”, explicou Alckmin em coletiva à imprensa.

“Não há oposição do governo ao Banco Central e nem ao Copom; agora a crítica, ela é importante”, advertiu o presidente em exercício. “A manutenção da taxa Selic não prejudica apenas a atividade econômica, na medida em que inibe investimento, dificulta o comércio, prejudica a indústria e o setor do agro. Mas ela também tem outro impacto que é do ponto de vista fiscal, porque quase metade da dívida pública brasileira é ‘selicada’”, explicou.

Alckmin fez referência à situação internacional que, atualmente, tem juros negativos e queda de inflação. No Brasil, a inflação oficial (IPCA, calculado pelo IBGE), está em queda, e o IGPM em deflação.

“Veja que, em 2020, a inflação era maior”, comparou. Hoje ela está em 3,9%, enquanto em 2020 era um pouco acima de 4% (e a taxa Selic era 2%). “Você tinha juros negativos de 2%; inflação de 4%; taxa Selic de 2%. É claro que em determinados momentos você tem que subir. O problema é manter por tanto tempo, essa que é a questão”, concluiu.

A coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), Maria Lucia Fattorelli, destacou que as afirmações de Alckmin vão ao encontro do que a ACD sempre destacou.

Fattorelli lembrou ainda que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está cumprindo o que havia declarado. “Os exemplos brasileiros mostram que você tem que colocar o País em recessão para recuperar a credibilidade”, afirmou o neto de Roberto Campos em dezembro de 2021, durante entrevista virtual com jornalistas sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

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