
Artigo de Célia Ladeira – “O Brasil está no sul global”
"Somos um país com uma nova categoria, a de sul-global", afirma o artigo
* Artigo escrito por Célia Ladeira
A introdução de um novo conceito para definir o Brasil tem uma vantagem inicial: ajuda a nos livrarmos do velho chavão de país de terceiro mundo que nos acompanhou por muitos anos. A nós e a muitos outros cidadãos de países sul-americanos, asiáticos ou sul-africanos. Todos conhecidos por um terceiro mundismo que sempre nos empurrou para o fosso profundo da pobreza ou da dificuldade em desenvolver políticas emergentes mais positivas. Perseguidos pelo velho complexo de vira-latas que sempre nos fez perder campeonatos de futebol ao longo da história.
De repente, nos vemos como um país sul-global. Ou seja, esta nova categoria nos leva a buscar entender o que ela pode significar. Começo por trocar a velha e gasta imagem de país pobre, endividado, com índices nada interessantes de educação e saúde. Descubro que o Brasil é a nona maior economia do mundo. Entre 193 países listados pela ONU, ocupamos o nono lugar em riqueza e outros índices econômicos.
De repente também, nosso presidente da República dá lições de política externa para um país apoiado pelos Estados Unidos. Chama a guerra de Israel pelo nome que ela merece, um morticínio. Foi tão assustador que muitos deputados não entenderam nada e quiseram votar o impeachment do presidente. Só pode estar louco, disseram.
E foi assim que descobrimos que somos um país com uma nova categoria, a de sul-global. O melhor de tudo é que não estamos sozinhos. Temos ao nosso lado a Rússia, a China, vários países da África e da Ásia, e até mesmo da nossa América do Sul.
Em abril, dois eventos centrais vão reunir os novos países sul-globais em Brasília. São a Cúpula Índia-Brasil-África do Sul e a Cúpula Brasil-Rússia-Índia e China. São encontros que vão discutir uma maior cooperação sul-sul, assim como estabelecer um novo papel como líderes dos países emergentes. Para o Brasil é a hora de esquecer o complexo de vira-latas que sempre nos acompanhou. Afinal, estamos ocupando um lugar entre os dez países mais ricos do mundo.
Podemos mudar tanta coisa para tantos países abandonados a própria sorte. Podemos influir para conquistar uma economia mais global, mais sustentável. Ser do sul global é afirmar que somos emergentes sim, mas somos países que crescem acima da média. E querem crescer juntos ainda mais.
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação
Leia aqui mais informações sobre o IBAS, o Fórum de Diálogo entre Índia, Brasil e África do Sul.
Clique aqui para ler outros artigos publicados pelo Infoflashbr.



