ARTIGO – “China e Rússia juntas?”, por Célia Ladeira

* Por Célia Ladeira
Começo abrindo o mapa da Europa e da Asia e encontro uma enorme mancha vermelha na fronteira dos dois países: China e Rússia. Estão entre os maiores países do mundo em extensão territorial. Dividem também outras identidades: ambos adotam o mesmo regime comunista, com um único partido político e um presidente eleito por seis anos com direito a reeleições. Os dois países têm igualmente poderio militar, entre armamentos convencionais e armas nucleares.

Mas existe uma diferença: a Rússia está há um ano em guerra com a vizinha Ucrânia, apoiada pela Otan, a Organização do Atlântico Norte, que representa a força militar da Europa. A Otan não entrou na guerra, mas tem enviado auxílio aos ucranianos em armas e mantimentos em geral.

Nos últimos dias surgiram indícios de uma maior participação dos chineses no auxílio á Rússia. A China negou as acusações feitas pelo secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, de que estaria decidindo fornecer armas e munições para a Rússia. O governo norte-americano considera, porém, que a China pode já estar fornecendo inteligência militar às tropas russas na Ucrânia.

Afinal, a China está fornecendo armas à Rússia? A China vem expandindo sua capacidade de produção militar e agora é o quarto maior exportador de armas do mundo. “As armas da China estão ficando mais avançadas”, diz Siemon Wezeman, do Stockholm International Peace Research Institute.

O certo é que a China tem ajudado economicamente a Rússia. Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, muitos países do Ocidente impuseram sanções estritas à Rússia — proibindo as importações de petróleo e as exportações de produtos de alta tecnologia. Muitas empresas ocidentais cortaram totalmente suas relações com a Rússia. O comércio exterior russo com os EUA, Reino Unido e países da União Europeia desabou ao longo de 2022.

No entanto, o comércio da China com a Rússia atingiu um nível recorde de US$ 190 bilhões em 2022 — um aumento de 30% em relação ao ano anterior. E a China se tornou um parceiro comercial cada vez mais importante para a Rússia.

*  Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação

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