
Artigo de Célia Ladeira – “Em Busca da Paz”
* Por Célia Ladeira
Seis de agosto de 1945. Uma bomba de fissão nuclear, com urânio enriquecido a 90 por cento, jogada sobre a cidade de Hiroshima, provocou a rendição de tropas do Japão. Três dias depois, uma bomba de plutônio de potência equivalente a de urânio, foi lançada sobre Nagasaki, completando a destruição e marcando o fim da Segunda Guerra Mundial. O preço para acabar com a guerra foi alto: a morte imediata de 180 mil civis e outros 120 mil em um prazo de quatro meses seguintes em consequência dos efeitos das radiações, marcando para sempre o povo japonês.
Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos dos efeitos da pior arma de destruição em massa já criada, a bomba atômica. A tragédia que todos querem evitar. Ter armas nucleares, por outro lado, tem sido a política adotada por diversos países, como uma garantia de evitar possíveis ataques. Estados Unidos, Rússia, China, Índia, França, Irã, Coréia do Norte estão entre os países que investem em armas nucleares. Existe espaço para uma política de paz entre os povos?
A cultura do ódio
A destruição dramática dos inimigos da Segunda Guerra não impediu os investimentos em armas cada vez mais potentes, usadas em experimentos que se seguiram, como foram a guerra do Vietnam, a guerra do Iraque, as escaramuças entre Israel e Palestina, além de outros embates. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, agora, deixa a humanidade assustada e à mercê de um possível uso de armas atômicas.
Por outro lado, funcionando como incentivo, cresce em diversos países a cultura do ódio. Não se aceita mais o adversário, tratado como um ser humano que deve ser eliminado, a tiro ou a faca. Uma cultura que chega agora às escolas, transformando uma briguinha por causa de bola em campo de destruição. As plataformas de jogos de vídeo alimentam o ódio, assim como as diferenças eleitorais entre concorrentes políticos. Tomar partido na política ou no esporte se tornou um impulso que separa famílias, causa rupturas e inimizades inexplicáveis.
Organismos internacionais procuram criar movimentos pacifistas. Em alguns países, há incentivos para este pacifismo, como no próprio Japão, nos países nórdicos, no Canadá. No Brasil, há mais incentivos ao ódio do que à amizade. Está na hora de nos respeitarmos mais, mesmo que tenhamos ideias diferentes.
É preciso criar no país uma cultura de paz, e este movimento deve começar pelas escolas e pelas igrejas. E deve ser incentivado pela imprensa. Paz nas ruas das nossas cidades, paz nos estádios, paz nos tribunais e nas assembleias políticas. Este é o apelo que fica aqui.
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação
(Foto: Thinkstock/Getty Images)



