
Artigo de Célia Ladeira – “Fome: a arma secreta de Israel”
* Por Célia Ladeira
Atirar numa população que cerca caminhões com mantimentos, impedindo homens, mulheres, crianças, de buscar algum alimento, é a prova de que o exército israelense alimenta seus soldados com ódio. E com desumanização em grau máximo. Como um soldado israelense é capaz de atirar e matar crianças correndo com panelas vazias nas mãos? Como um soldado israelense que não está sendo ameaçado nem com pedras consegue mirar em alvos móveis como os cidadãos palestinos? Mas foram todos elogiados pelo ministro da Segurança de Israel, Ben Gvir.
Matar um semelhante é um crime que em si é inconcebível por qualquer mandamento religioso. É o primeiro dos dez mandamentos da lei judaica, adotada por católicos ou protestantes. Pior ainda é matar quem está faminto, buscando alimento. É o crime de guerra que o governo de Israel assume, com crueldade.
A expressão “crise humanitária” busca amenizar a real situação da população palestina. Temos que usar a palavra certa. É fome, simplesmente. Segundo a Organização das Nações Unidas, quase toda a população palestina de 2,4 milhões de pessoas enfrenta escassez aguda de alimentos — a pobreza alimentar atinge 90% das crianças com menos de 2 anos de idade e 95% das mulheres grávidas ou que estão amamentando. A Unicef alerta que, em Gaza, uma em cada seis crianças com menos de dois anos está gravemente desnutrida.
No domingo, em sua benção apostólica, o Papa Francisco usou a expressão “basta” para pedir o fim da guerra entre Israel e a Palestina. Repetindo mais de uma vez:” basta. Basta”. Milhares de pessoas em manifestações em diversos países no fim de semana também ecoaram um “basta”. Mas quem vai parar Israel na sua sanha assassina?
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação



