
“Gaza: Sinais de Paz” – Artigo de Célia Ladeira
"O mundo viu a dor nos olhos das crianças abandonadas nas ruas de Gaza sem seus pais"
“Gaza, sinais de paz”, por Célia Ladeira
Depois de centenas ou milhares de mortes, surgem os primeiros movimentos para a construção de uma paz permanente entre palestinos e israelenses, movimentos que vão além das fronteiras com Gaza. O ódio atrasou tudo, impedindo votações importantes nas assembleias da ONU, impedindo que alimentos chegassem às crianças palestinas, causando a morte de jornalistas e médicos, testemunhas involuntárias do desastre da guerra.
A necessidade de construir a paz não alcançou os corações e as mentes dos soldados armados de vários artefatos de guerra, todos eles mortais ao primeiro tiro. Ordem dada, missões cumpridas. Não importou que o prédio desabado por mísseis fosse um hospital e seus trabalhadores, todos voltados para a pior missão durante uma guerra, que é salvar vidas.
O mundo viu a dor nos olhos das crianças abandonadas nas ruas de Gaza sem seus pais. O Papa Francisco viu esta dor e cobrou por várias vezes o fim da matança. No Conselho de Segurança da ONU o voto negativo dos Estados Unidos permitia que as mortes cumprissem seu destino trágico. Israel e seu insensato dirigente Netanyahu estavam cegos aos apelos de paz, que foram produzidos por multidões que foram às ruas de diversas cidades do mundo.
Bastou, porém, um encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o dirigente israelense para se chegar a um consenso. A guerra estava prejudicando a campanha eleitoral do presidente americano e a ameaça foi feita: “Não ajudaremos mais Israel”. Isto pode ser traduzido por milhões de dólares e de armas de médio e longo alcance que deixariam de chegar às mãos dos israelenses. A ameaça provocou a prisão de dois soldados de Israel, que devem ter ficado aturdidos. “Mas não era para destruir o hospital?”, pensaram eles.
Destruição em Gaza preocupa
Ajudou também a ameaça da Inglaterra de retirar apoios, por causa da morte de voluntários ingleses na distribuição de alimentos. A ONU se mexeu e votou a favor do fim da guerra e usou a expressão “crime de guerra” para caracterizar a destruição provocada por Israel em Gaza. São sinais de que a paz está produzindo os primeiros movimentos. Duas cidades foram escolhidas para abrigarem a chegada segura de caminhões de mantimentos.
Nas ruas de Telavive os israelenses pedem o fim do governo de Netanyahu. E os políticos de direita de vários países, que haviam corrido a apoiar o líder de Israel, estão começando a enxergar a verdade dos fatos.
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação
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