* Por Célia Ladeira
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia completou um ano em fevereiro de 2023 sem indícios ou tentativas de se encontrar o caminho da paz. Alguns países desde logo se posicionaram em franco apoio aos ucranianos, fornecendo armas, munições, dinheiro. Os Estados Unidos se tornaram um aliado da primeira hora. Por outro lado, um expressivo número de países enfrenta o desafio de permanecerem neutros na guerra.
Nem todos conseguem porém. A Finlândia, com um passado de neutralidade em disputas territoriais, acaba de se associar à OTAN, a organização militar europeia. Outros países tradicionalmente neutros, Suécia, Áustria, Suíça e Irlanda, resistem e evitam participar de ações bélicas. A Suíça, que manteve a neutralidade nas duas guerras mundiais, repete a posição agora, apoiada por 90 por cento dos seus habitantes.
Fora da Europa, diversos países assumem posições dúbias devido a interesses comerciais. Na América do Sul, o Brasil adotou o que o Itamaraty batizou de pragmatismo responsável, mantendo as importações de suplementos agrícolas da Rússia, e não se envolvendo em exportações de material bélico.
A mesma posição é adotada por países asiáticos que se equilibram entre Kiev e Moscou. A China enviou seu presidente e líder político, XI-Jinping à Rússia, onde foi recebido festivamente por Vladimir Putin, mas não foram reveladas as conversações e os possíveis apoios entre os dois líderes.
Visando interesses especiais, alguns países terminam por participar no apoio de um lado ou de outro. As Filipinas ofereceram o uso de quatro bases para os Estados Unidos, o aliado mais forte da Ucrânia. Muitos países votaram contra a invasão russa na assembleia da ONU, mas não se arriscaram a um apoio ostensivo a qualquer um dos lados.
A neutralidade pacificadora e humanitária parece ser a única política possível apoiada pela maioria dos países. A ninguém interessa uma terceira guerra mundial.
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação
