Artigo de Célia Ladeira – “O que está em jogo na Turquia”

* Por Célia Ladeira

Neste domingo, 14 de maio de 2023, ocorre o primeiro turno da eleição presidencial na Turquia, em que o presidente atual, chefe de Estado e de governo Recep Tayyip Erdogan, tentará a reeleição. Será uma votação para a presidência e para o parlamento. O homem que desafia Erdogan é o principal candidato da oposição, Kemal Kilicdaroglu, que promete mudar a política econômica da Turquia.

Apesar de dividir o país – a última previsão de votos indicava a vitória de Erdogan com 53% -, desafetos e apoiadores consideram Erdogan o homem mais poderoso da Turquia. Erdogan chegou ao poder em 2003, um ano depois da formação do partido islamista AKP, do qual ele é líder. Ficou 11 anos no cargo de primeiro-ministro da Turquia antes de se tornar o primeiro presidente eleito por voto direto em agosto de 2014. Erdogan é um líder com formação islâmica que superou uma tentativa de golpe e que busca agora uma nova reeleição.

Manter-se no poder não é uma tarefa fácil., Erdogan tem tomado medidas para reforçar seus poderes presidenciais. E seus adversários enfrentam represálias. Cerca de 107 mil servidores públicos e soldados perderam seus cargos sendo demitidos e mais de 50 mil pessoas estão presas, à espera de julgamento. A oposição afirma que pelo menos 5 mil acadêmicos e mais de 33 mil professores também perderam seus empregos. E, segundo a organização Jornalismo Independente, cerca de 150 jornalistas estão detidos, acusados de uma tentativa de golpe.

De acordo com um plebiscito realizado no ano passado, a Turquia passará a ter um regime presidencialista, com a eliminação do cargo de primeiro-ministro. Além disso, Erdogan será o único responsável pela nomeação e demissão direta do primeiro escalão do poder, incluindo ministros e juízes. Também poderá governar por decreto se necessário. Quanto às relações com Israel, se eleito Erdogan deve manter uma posição em defesa dos palestinos da Faixa de Gaza. Sua posição anti-Israel se intensificou devido aos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza. As imagens das reações militares israelenses em Gaza, ataques aéreos que deixaram cerca de 1.400 palestinos mortos, levaram Erdogan a decidir tomar as dores dos palestinos perante o mundo. Seu sonho era transformar a Turquia no país líder do mundo árabe-muçulmano. No momento, porém, a recuperação das cidades turcas atingidas por um terremoto recente é a tarefa mais urgente para o governo.

* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação

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