Artigo de Célia Ladeira – “Pausas entre bombardeios”
* Célia Ladeira
Israel anuncia pausas táticas de quatro horas por dia, interrompendo bombardeios em Gaza e outras ações militares, dando tempo para que suprimentos hospitalares, alimentos e água entrem na faixa de Gaza a partir da fronteira com o Egito. A medida deve ser adotada nessa sexta-feira, conforme entendimentos com as autoridades egípcias. Também estão previstos para esta sexta-feira ou o mais tardar no sábado, os embarques de 34 brasileiros que voltarão ao Brasil depois de uma espera de cerca de dez dias na cidade de Rafas, na fronteira com o Egito.
Muitos fatores contribuíram para a adoção destas medidas por parte do governo de Israel. A começar pela insistência feita pelo presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, que sugeriu a Pausa Humanitária em diversos encontros com o primeiro-ministro Netanyahu. Os repetidos bombardeios israelenses, a falta de energia elétrica, de mantimentos e remédios, tornaram prementes os pedidos de pausa, levando vários organismos internacionais a pressionarem Israel.
Em Paris, um encontro esta semana de embaixadores de cerca de 80 países e de funcionários da ONU produziu mais pressão em defesa de uma pausa nos bombardeios. O encontro foi presidido pelo presidente francês Emanuel Macron, que foi incisivo nas queixas que fez sobre a destruição de áreas da Palestina.
No Brasil, a demora em atender aos pedidos de liberação de brasileiros para a volta ao país, azedou também as relações entre Israel e autoridades brasileiras. Muitas críticas veladas foram feitas ao governo israelense por ministros e políticos. A semana termina com a possibilidade de Israel repatriar os brasileiros retidos na fronteira com o Egito.
O número de mortos na Palestina já chega a dez mil vítimas, entre crianças, mulheres e cidadãos palestinos. O desgaste não atinge só Israel, mas o governo norte-americano que apoia os israelenses, mas está pagando um preço alto pelo apoio. Governos árabes, e de países africanos e da América Latina estão se recusando a receber diplomatas norte-americanos em seus países. Em alguns casos, estão fechando embaixadas.
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação
