* Por Célia Ladeira
Foi uma semana de muitas comemorações e de reivindicações pelo Dia Internacional da Mulher. Mas, se nos países desenvolvidos em geral a mulher já alcançou um nível alto em participação na economia e tem direitos equivalentes aos dos homens, existem países onde ser mulher significa enfrentar um enorme desafio. É o de garantir a alimentação dos filhos.
Este foi o foco da notícia divulgada pela Unicef, o órgão das Nações Unidas que cuida das crianças e dos adolescentes. Os dados da Unicef, colhidos a partir de pesquisas em diversos países, apontam para uma triste situação: um terço de cerca de 700 milhões de crianças abaixo dos cinco anos em todo o mundo está malnutrido.
“Se as crianças comem mal elas vivem mal”, afirma a diretora executiva da Unicef, Henrietta Fore. E a Unicef garante que muitas destas crianças já nascem subnutridas. Suas mães durante a gestação não comem direito. Passam fome. Não há alimento suficiente. Vivem em países ou cidades onde não existem supermercados com gôndolas cheias de frutas ou vegetais. Os dados da Organização Médicos sem Fronteiras confirmam esta situação.
E as crianças já nascem e começam a viver sentindo fome. A Unicef afirma que vários exames comprovam que cerca de 149 milhões de crianças, com idades entre 4 anos ou menores, têm desenvolvimento físico menor do que crianças mais bem nutridas. Este é um dado clínico sério porque implica em fraco desenvolvimento mental e físico da criança.
Os dados mostram anda que cerca de 50 milhões de crianças em todo o mundo são afligidas pelo cansaço, causado por uma magreza crônica e debilitante também resultante da pouca alimentação. E boa parte das crianças abaixo de cinco anos não recebem vitaminas e minerais essenciais para o seu desenvolvimento. É um problema que a Unicef tem chamado de fome escondida.
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação
