Balança comercial brasileira deve ter superávit recorde de US$ 86,472 bilhões neste ano

Revisão da balança comercial brasileira divulgada nesta quarta-feira (19/07) pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) projeta exportações de US$ 323,937 bilhões este ano, com redução de 3% em relação aos US$ 334,136 bilhões efetivados em 2022; e importações de US$ 237,465 bilhões, queda de 12,9% em relação aos US$ 272,610 bilhões realizados no ano passado.

De acordo com o presidente-executivo da AEB, José Augusto de Castro, as importações deverão cair mais que as exportações e será gerado um superávit recorde de US$ 86,472 bilhões em 2023, com aumento de 40,5% em relação aos US$ 61,526 bilhões apurados em 2022. Entretanto, esse será um superávit negativo, “porque será gerado por fatores negativos e não por fatores positivos. E não gera atividade econômica, nem empregos”, explicou Castro, à Agência Brasil.

Como consequência das quedas de exportação e importação, a corrente de comércio, projetada em US$ 561,402 bilhões para 2023, mostrará queda de 7,5% em relação aos US$ 606,746 bilhões apurados no ano anterior.

A previsão anterior da AEB para o ano de 2023, divulgada em 20 de dezembro do ano passado, sinalizava exportações brasileiras de US$ 325,162 bilhões, importações de US$ 253,229 bilhões e superávit de US$ 71,933 bilhões.

O presidente-executivo da AEB atribuiu a queda estimada das exportações em 2023 basicamente à questão de preço no mercado internacional.

“Porque os preços, este ano, estão pouco a pouco diminuindo. Nas importações, houve um crescimento muito forte em 2022 e, agora, os preços estão se ajustando à nova realidade, porque o crescimento interno não justificava aquele aumento forte das importações”. Também a guerra na Ucrânia provocou aumento de preços de uma série de produtos e, agora, esses preços estão sendo atualizados.

“Os preços de fertilizantes, por exemplo, subiram muito pouco depois da guerra e estão voltando à normalidade”, disse Castro.

As exportações do Brasil seguirão baseadas em commodities. Dos 15 principais produtos de exportação do Brasil, 14 são commodities. A exceção são veículos.

Castro diz acreditar, por outro lado, que o sonho de o país exportar mais produtos de valor agregado poderá se tornar realidade com a reforma tributária.

“Mas até que ela seja aprovada, implementada, não é uma coisa imediata. Enquanto isso não acontecer, nós seguiremos exportando commodities como essas.

A crise na Argentina diminuirá também a exportação nacional de manufaturados, uma vez que o mercado argentino é o nosso grande importador de veículos. Por isso, Castro indicou que a tendência é que haja mais concentração de commodities e menos participação de manufaturados na nossa exportação.

Soja em grão deverá manter a liderança das exportações brasileiras, ultrapassando, pela primeira vez, a casa de US$ 50 bilhões, graças à safra recorde colhida e apesar da queda de 12,7% nas cotações. Também em volume, a AEB projeta que as exportações de soja em grão deverão atingir, em 2023, o recorde de 98 milhões de toneladas, alta de 24% em relação aos 79 milhões de toneladas exportados em 2022.

Em relação às importações, o presidente-executivo da AEB explica que 90% do que o Brasil compra de outros países são produtos manufaturados.

“Nós não importamos commodities, a não ser carvão”.

Ele avalia que se houver um crescimento industrial no Brasil, a tendência é que as importações aumentem. No caso de uma queda industrial, as importações cairão.

“O que a gente está vendo hoje é que a indústria, pouco a pouco, está perdendo participação no PIB brasileiro. Quanto mais ela perde participação, significa menos importação”, explicou.

A entidade estima ainda que apesar das quedas das exportações e importações, o comércio exterior brasileiro contribuirá de forma positiva no cálculo do PIB deste ano. Os dados projetados pela AEB apontam que o Brasil deverá permanecer na atual 26ª posição no ranking mundial de exportação e, também, de importação.

Já pesquisa em 29 países feita pela Ipsos aponta que 57% dos brasileiros acreditam que o país está no rumo certo, uma oscilação positiva de quatro pontos percentuais na comparação com maio e o maior patamar para essa pergunta desde 2003, quando o monitoramento global começou.

Apesar de oscilações negativas em março, abril e maio, que podem estar relacionadas com as incertezas da área econômica, o mês de junho significou uma melhora significativa no humor dos brasileiros em relação ao futuro próximo.

Por outro lado, são 43% os brasileiros que veem o Brasil no rumo errado, uma oscilação negativa de quatro pontos em relação a maio, mas ainda um patamar importante que evidencia a polarização política nacional permanente. Mesmo assim, o país está muito à frente da média dos outros 28 países pesquisados, com 20.570 entrevistas. Em geral, no mundo, 62% acham que seus países estão indo na direção errada contra 38% que o veem na trilha certa.

Quando a pesquisa aprofunda perguntas sobre as principais preocupações da população, a pobreza e a desigualdade voltaram a ficar em primeiro lugar (40%), deixando criminalidade/violência e saúde empatados na segunda posição, com 35%. A desigualdade é uma das principais pautas dos discursos do presidente Lula e, pelo menos em junho, há concordância da maior parte dos brasileiros. No entanto, os discursos do petista abordam pouco segurança pública, que era, em maio, a principal preocupação dos brasileiros, com 39%.

No mundo, a África do Sul tem a pior avaliação: 90% veem o país no caminho errado. A Argentina é o segundo pior, com 89%. Na outra ponta, a Indonésia tem 83% de sua população com avaliação positiva sobre os caminhos do país.

A pesquisa foi conduzida entre 26 de maio e 9 de junho pelo sistema de painel digital e com amostras de entre 500 e 1.000 entrevistados por país. Para o Brasil, a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou menos, e a amostra pode ser considerada mais concentrada em populações mais urbanas e com educação do que a média da população.

Com informações da Agência Brasil

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