Justiça

Barroso diz que o Brasil esteve mais próximo de um colapso do que se pensava

Democracia brasileira passou por uma série de sustos, disse o ministro Luís Roberto Barroso nos EUA

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou neste sábado (06/04) que o Brasil estava “mais próximo de um colapso” do que poderiam achar.

“Estamos constatando isso agora. Pior do que antecipávamos. Assustador”, disse durante painel na 10ª Brazil Conference 2024, realizada na Universidade de Harvard (EUA). “Felizmente as instituições venceram, mas, como os fatos têm demonstrado, nós ficamos por um triz, chegamos muito perto do impensável”, disse Barroso.

Sem citar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente do STF disse que o Brasil passou uma série de “sustos” ao processo democrático.

“Nós tivemos a tentativa do voto impresso. Só quem é brasileiro sabe o risco que isso representava. Tivemos repetidas acusações de fraude eleitoral não comprovadas, politização das Forças Armadas. Tivemos o não reconhecimento do resultado eleitoral, tivemos um incentivo aos acampamentos nas portas dos quartéis, tivemos desfile de tanques na Praça dos Três Poderes no dia de uma votação importante, tivemos ataques ao Supremo, ataques à imprensa e depois tivemos o 8 de Janeiro. Foi isso o que o Brasil viveu”, afirmou Barroso.

O ministro também afirmou ser necessário responsabilizar todos os envolvidos no 8 de Janeiro. Perguntado sobre a atuação do Supremo, o ministro afirmou que o papel da Corte tem de voltar a ser menos “proeminente”, mas disse que não se pode ignorar os episódios como os atos extremistas.

“Acho que precisamos voltar a um tribunal que seja menos proeminente, mas não podemos fingir que essas coisas não aconteceram. Se não processarmos a tentativa de golpe e as pessoas que invadiram esses prédios do Congresso, da próxima vez todo mundo vai achar que pode fazer a mesma coisa”, afirmou Barroso.

Barroso diz que STF precisa voltar a ser “menos proeminente”

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse também que o Brasil precisa voltar a ter uma Suprema Corte “menos proeminente” o mais rápido possível, embora seja necessário prosseguir com os processos contra a tentativa de golpe e invasores da Praça dos Três Poderes, no 8 de janeiro, “por um pouco mais de tempo”.

Barroso fez as afirmações em uma mesa de perguntas e respostas ao lado do cientista político norte-americano Steven Levitsky, durante o “Brazil Conference at Harvard & MIT”, evento organizado por pesquisadores brasileiros em Boston, nos Estados Unidos.

“Precisamos voltar a um STF que seja menos proeminente o mais rápido possível. Mas não podemos fingir que essas coisas (invasão da Praça dos Três Poderes) não aconteceram”, disse Barroso.

O presidente do Supremo avaliou o processo como um meio para que outras pessoas não acreditem que possam repetir os ataques. “Infelizmente, ainda precisamos seguir nesses processos por um pouco mais de tempo”, completou.

Em seguida, Barroso disse que uma sociedade que precisa de pacificação, os processos geram tensão e que seria desejável veredictos mais rápidos, que respeitassem o Estado de Direito. “Mas aí surgiram investigações mostrando que estávamos mais perto de um golpe de Estado do que imaginávamos”, continuou.

Politização das Forças Armadas

O ministro Luís Roberto Barroso disse ainda neste sábado que houve politização de setores das Forças Armadas nos últimos anos e defendeu que o país vire essa página.

Barroso falou com a imprensa após participar do evento na Universidade de Harvard. Ele foi questionado sobre o julgamento, em curso no STF, que debate se a Constituição, em algum momento, permite que as Forças Armadas exerçam um poder moderador sobre os demais poderes.

A opinião de Barroso é de que não há essa possibilidade. Ele já votou nesse sentido no julgamento. O ministro, até o momento, já foi acompanhado de outros 7 colegas, e o placar está 8 a 0 para fixar o entendimento de que não há poder moderador.

Leia também: Barroso diz que houve politização em setores das Forças Armadas nos últimos anos e defende ‘virar a página’

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