O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou, nesta sexta-feira (10/03), que a disputa com o Congresso pelo aumento do limite de endividamento dos Estados Unidos é a “maior ameaça” para a economia do país. Biden fez a declaração após a divulgação dos dados do desemprego do país em fevereiro, e disse que a economia dos EUA avança na direção certa, mas alertou que a disputa sobre o teto da dívida, que se não for aumentado, pode vir a mergulhar os Estados Unidos em um default inédito.
Para tentar diminuir a dívida pública norte-americana, o presidente Biden apresentou nesta semana um projeto de orçamento com viés tributarista, e a proposta contém a intenção da Casa Branca em introduzir um imposto para os mais ricos. De acordo com o projeto, o governo democrata pretende instaurar um imposto mínimo de 25% para os bilionários, ou seja, para 0,01% dos norte-americanos mais ricos. A expectativa de redução da dívida pública seria de quase US$ 3 trilhões em dez anos.
Além disso, Joe Biden também busca aumentar a alíquota do imposto corporativo de 21% para 28% – ainda abaixo dos 35% que vigoravam antes da reforma implementada pelo ex-presidente Donald Trump, em 2017.
“Quando o Medicare [plano de saúde com cobertura parcial do governo norte-americano, aprovado sob a gestão Obama] foi aprovado, o 1% mais rico não tinha mais do que 5 vezes a riqueza dos 50% mais pobres juntos. Vamos pedir aos mais ricos que paguem sua parte justa para que os milhões de trabalhadores que os ajudaram a construir essa riqueza possam se aposentar com dignidade e com o Medicare para o qual pagaram”, afirmou o presidente do EUA na noite da última quarta-feira (08/03), em suas redes sociais. Segundo o jornal Washington Post, as intenções de Biden visam aumentar sua popularidade com o eleitorado, já que o chefe do Executivo também quer iniciar seu planejamento para disputar a reeleição à Casa Branca no próximo ano com um aumento do salários dos servidores públicos federais em mais de 5%.
A ideia de fazer bilionários pagarem impostos mais altos vem ganhando força também no Congresso. A defensora mais conhecido dessa ideia é a senadora Elizabeth Warren, que propôs um imposto sobre a riqueza em 2019 para famílias com patrimônio líquido acima de US$ 50 milhões, citando uma análise de que o 0,1% mais rico dos americanos provavelmente pagaria apenas 3,2% de sua riqueza em impostos naquele ano, enquanto outros pagariam 7,2 por cento. Entretanto, com um Congresso que não é mais controlado pelos democratas, muito do orçamento, incluindo aumentos substanciais de impostos para os ricos, provavelmente não será aprovado. Mas a nova retórica de Joe Biden em torno da desigualdade de riqueza sinaliza que o governo está apostando em tributar os ricos para que essa possa ser uma mensagem politicamente vencedora.
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