Turistas dos Estados Unidos, do Canadá, do Japão e da Austrália voltarão a precisar de visto para entrar no Brasil a partir de 1º de outubro, conforme decisão do governo federal. A medida acaba com a isenção unilateral do visto para esses viajantes, válida desde 2019. Ela permitia que os turistas desses países entrassem no Brasil sem visto, mesmo que eles continuassem cobrando essa autorização dos brasileiros.
O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que concedeu a isenção, entendia que a liberação do visto era importante para aumentar o número de visitantes estadunidenses, canadenses, japoneses e australianos no Brasil. Entretanto, conforme a avaliação de auxiliares do presidente Lula, a isenção unilateral não teve um efeito significativo e, por isso, será suspensa.
No início da isenção, em 2019, houve um aumento de 12% na entrada de norte-americanos no Brasil. Quanto à entrada de cidadãos do Japão, o número caiu para 4,4%, segundo os dados do governo.
Retomada do visto
Para que o retorno da exigência seja efetiva, procedimentos administrativos estão sendo providenciados, como informou a CNN. Enquanto isso, instituições que representam o turismo no Brasil e representantes do setor discordam da suspensão da isenção. Para o CEO do Parque Bondinho Pão de Açúcar, Sandro Fernandes, a decisão do governo Lula foi “um retrocesso” para o turismo brasileiro. Segundo o empresário, a isenção teve um efeito positivo para o turismo e a retomada da exigência dos vistos está preocupando o setor.
“É um retrocesso para o turismo brasileiro. É uma pena o presidente tomar uma decisão dessas no momento em que o Brasil está fazendo o oposto”, disse Fernandes.
A opinião de Fernandes é compartilhada por Maurício Gonçalves, advogado especialista em imigração. Para ele, a medida afeta a economia, já que menos pessoas irão querer vir para o Brasil.
“Nosso país é continental, mas antes da pandemia tivemos menos de 4.9 milhões de turistas estrangeiros, enquanto a Espanha teve 83,5 milhões. A França teve 90 milhões. Na própria América Latina, o Chile teve 4,5 milhões, pouco menos que o Brasil, enquanto que a Argentina teve 7,4 milhões de turistas. A reciprocidade deve ser observada, mas, talvez, o interesse econômico em relação ao turismo brasileiro, fale mais alto”, disse Gonçalves.
Já o presidente da Confederação Nacional de Turismo (CNTur), Wilson Luiz Pinto, diz que, por um lado, a medida é ruim, já que dificultará a entrada de turistas no Brasil, mas que por outro é justo, pois o brasileiro também precisa de visto para entrar nestes países. “O americano, o australiano, o canadense vai precisar ir na embaixada brasileira para vir para cá. Mas também vai abrir um diálogo desses países sobre a reciprocidade. Eu entendo que não é saudável o Brasil não exigir visto desses países e eles exigirem vistos para lá”, diz Wilson.
Após a decisão tomada nesta semana, o Ministério das Relações Exteriores determinou que a embaixada do Brasil, em cada um dos quatro países impactados, comunicasse oficialmente a medida aos governos locais.
