A Comissão de Relações Exteriores do Senado sabatinou e aprovou, nesta quinta-feira (22/06), a indicação de seis diplomatas para atuar como representantes do Brasil em cinco países e na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Os nomes serão apreciados agora pelo Plenário do Senado.
A primeira indicação aprovada pelos senadores da CRE foi a do diplomata Alexandre Guido Lopes Parola, que irá exercer o cargo de embaixador do Brasil no Marrocos. A indicação foi relatada pela senadora Tereza Cristina (PP-MS).
No seu programa de trabalho para a Embaixada no Marrocos, Parola apresentou propostas como incrementar e diversificar o mercado bilateral, desenvolver atividades de inteligência comercial, elaborar estudos preparatórios sobre o comércio e apoiar fluxos de missões empresariais brasileiras. O embaixador disse que pretende também reativar voo entre São Paulo e Casablanca, o único que unia a África do Norte à América do Sul.
Também constam da lista a atuação pela retomada de livres negociações entre o Mercosul e Marrocos, a promoção da imagem brasileira – sobretudo no turismo, com a promoção de feiras e eventos que promovam o Brasil no país africano – e a cooperação nas áreas de defesa e de educação.
Embaixada nos Emirados Árabes
A Comissão de Relações Exteriores aprovou o nome de Sidney Leon Romeiro para o cargo de embaixador do Brasil nos Emirados Árabes Unidos. A mensagem presidencial foi relatada pelo senador Cid Gomes (PDT-CE). Agora, a indicação será apreciada pelo Plenário.
O ministro Sidney Leon Romeiro nasceu em São Caetano do Sul, São Paulo, em 1962. Formou-se em direito pela Universidade de São Paulo em 1989 e fez pós-graduação em direito internacional na mesma instituição, dando início aos seus estudos no Instituto Rio Branco em 1995. Ele foi conselheiro na Embaixada em Londres de 2015 a 2018 e cônsul-geral adjunto no Consulado-Geral em Londres entre 2018 e 2019. Atualmente, é diretor do Departamento do Oriente Médio no Ministério das Relações Exteriores desde 2019.
O embaixador tratou em sua apresentação ao colegiado do plano de trabalho que pretende desenvolver, o que inclui a busca de investimentos provenientes dos fundos soberanos dos Emirados Árabes, pensando em setores como estrutura, defesa e energia. Segundo Romeiro, o país procura por economias de escala, como a do Brasil.
De acordo com Romeiro, há também interesse do Brasil no mercado dos Emirados Árabes, já que podem vir a ser uma a plataforma para a exportação de produtos brasileiros, diante de terem se consolidado como um entreposto de redistribuição de mercadorias.
Embaixada na Croácia
Na reunião desta quinta-feira, a CRE também aprovou a indicação da diplomata Silvana Polich para a chefia da embaixada brasileira na Croácia. Com relatório favorável da senadora Margareth Buzetti (PSD-MT), a indicação (MSF 31/2023) foi aprovada por 14 votos a favor e nenhum contrário.
Para a diplomata, que é filha de refugiados da antiga Iugoslávia — país que originou a Croácia —, o fato de ter relação cultural tanto brasileira quanto croata vai favorecê-la na gestão da embaixada. Silvana também discorreu sobre as semelhanças entre os países.
– “Meus pais legaram-me eles o amor e respeito incondicional pelo Brasil, mas também curiosidade de suas terras de origem. Além do conhecimento do idioma servo-croata, minha língua materna. Brasil e Croácia têm valores semelhantes. Defesa da democracia, dos direitos humanos, da resolução das contendas internacionais por meio do direito internacional… Esses valores devem ser protegidos”, disse a diplomata.
Agência de Energia Atômica
Em outro momento da reunião, a Comissão de Relações Exteriores aprovou, após sabatina, a indicação da diplomata Claudia Vieira Santos para a chefia da representação brasileira junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que fica em Viena, na Áustria. A mensagem segue agora à análise do Plenário do Senado.
Formada em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a diplomata tem mestrado em Relações Internacionais e Comunicação pela Boston University, em Massachussetts (EUA), tendo entrado para o Instituto Rio Branco, do Itamaraty, em 1994. Serviu ao Brasil em Moscou, Roma, Tóquio, Paris e Nova Delhi. Entre 2013 e 2015, trabalhou no gabinete do ministro das Relações Exteriores. Claudia Vieira Santos é ministra de primeira classe desde 2022. Atualmente é diretora do Departamento de Energia do Itamaraty.
“O uso da energia nuclear é uma questão de grande interesse estratégico para o Brasil. Contamos com as usinas Angra 1 e 2, com a possibilidade de Angra 3 ser concluída nos próximos anos. Produzimos e comercializamos materiais nucleares, como urânio enriquecido. Além disso, está em fase final o desenvolvimento do sistema de propulsão nuclear de submarinos, com a realização do teste de imersão em grande profundidade do submarino Humaitá em março”, disse a senadora Dorinha Seabra.
Embaixada em Botsuana
A Comissão de Relações Exteriores aprovou ainda a indicação do diplomata João Genésio para a chefia da embaixada brasileira em Botsuana. O relatório feito pelo senador Fernando Dueire (MDB-PE) destacou que, a despeito das modestas trocas bilaterais, o comércio com Botsuana amplamente superavitário para o Brasil.
“A corrente de comércio teve média nos últimos três anos de US$ 1,88 milhões. Exportamos especialmente instalações e equipamentos de engenharia civil, máquinas agrícolas e carne de aves”, informou a senadora, ao ler o relatório.
Também foi destacado por Professora Dorinha Seabra que Botsuana é o segundo maior produtor mundial de diamantes, atrás só da Rússia. A descoberta de jazidas da pedra preciosa, junto com a estabilidade política, disse ela, possibilitou a Botsuana deixar de ser um dos países mais pobres do mundo para o ser dos mais prósperos da África.
Na sabatina, Genésio destacou o crescimento sustentável que a nação africana tem apresentado, com seu produto interno bruto (PIB) crescendo 6,5% em 2022, com aumento estimado em 4,3% para 2023. Visando o incremento das trocas bilaterais, o diplomata pretende negociar a venda de aviões KC-390 e Super Tucano às forças de defesa botsuanesas. A análise da indicação de João Genésio segue para o Plenário do Senado.
Com informações da Agência Senado
