O Conselho de Segurança da ONU foi convocado em caráter de urgência neste domingo, atendendo a uma solicitação de Israel, um dia após o Irã lançar mais de 200 drones e mísseis contra o território israelense em retaliação a um ataque ao seu consulado na Síria. A presidência rotativa do Conselho, atualmente ocupada por Malta, anunciou que a reunião está prevista para as 16h locais (17h de Brasília).
O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, solicitou a reunião urgente para condenar o Irã por essa ação e pediu ao Conselho que designe a Guarda Revolucionária iraniana como organização terrorista. Ele enfatizou a necessidade de medidas concretas contra a ameaça representada pelo Irã, descrevendo o ataque como uma escalada grave e perigosa.
No sábado, o Irã lançou mais de 200 drones e mísseis contra Israel em resposta a um suposto ataque israelense ao seu consulado em Damasco, na Síria. Este foi o primeiro ataque direto realizado pela República Islâmica contra Israel. Teerã culpa Israel pelo ataque ao consulado e acusou o exército comandado por Benjamin Netanyahu de destruir a sede diplomática e matar dois altos oficiais da Guarda Revolucionária. Israel não confirmou nem negou sua responsabilidade no incidente.
O ataque e o pedido ao Conselho de Segurança
O Irã lançou drones em direção a Israel, disse um porta-voz das Forças de Defesa de Israel neste sábado (13). Logo depois, o embaixador israelense nas Nações Unidas, Gilad Erdan, reivindicou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.
Em documento enviado à ONU, Erdan também chamou o ataque iraniano de uma “severa e perigosa” escalada nas tensões da região. A agressão iraniana deste sábado é uma resposta ao bombardeio de Israel à embaixada do país na Síria.
“O ataque iraniano é uma séria ameaça à paz e segurança globais, e espero que o Conselho utilize todos os meios para tomar medidas concretas contra o Irã. (…) Chegou o momento do Conselho de Segurança tomar ações concretas contra a ameaça iraniana”, disse Erdan.
Além de pedir a reunião, Israel também solicitou que o conselho condene o ataque do Irã a Israel e designe o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica Iraniana como uma organização terrorista.
Erdan disse ainda que o ataque iraniano viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, a lei internacional e a soberania de Israel. “O Irã foi arquiteto de instabilidade [no Oriente Médio] durante anos, através do Hamas, os Houtis, o Hezbollah e outros grupos”, completou.
Após anunciar o fim do ataque, o Irã reforçou sua legitimidade, citando o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas. Em comunicado, o Ministério de Relações Exteriores disse que o país não hesitará em tomar novas “medidas defensivas” para proteger seus interesses contra qualquer agressão militar. (Leia mais abaixo)
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Daniel Hagari, afirmou que o exército do país interceptou mais de dez mísseis de cruzeiro e dezenas de drones fora das fronteiras do país. Ele disse ainda que mais de 200 mísseis e drones foram lançados pelo Irã em direção a Israel e que a maioria deles foram interceptados fora do espaço aéreo israelense.
Veja o que se sabe sobre o ataque:
O Irã lançou mais de 200 drones e mísseis (balísticos e de cruzeiro) para atacar Israel.
A previsão era que eles demorariam horas para chegar ao destino.
No caminho, parte deles foi derrubada por aeronaves de Israel, dos EUA, do Reino Unido e da Jordânia.
Perto das 20h, as primeiras explosões e sirenes de aviso foram ouvidas em Israel.
O serviço nacional de emergência médica local informou que uma menina de 10 anos ficou gravemente ferida, no deserto de Negev, por estilhaços de um artefato para interceptar drones.
Um centro militar de Israel foi atingido, sem maiores prejuízos.
Às 19h, ainda antes de os artefatos chegarem a Israel, a missão do Irã na ONU afirmou que o ataque estava encerrado, referindo-se a ele com uma “ação legítima”.
Uma hora depois, a Força de Defesa de Israel (FDI) informou que não os moradores de Israel não precisavam mais se abrigar.
“Legítima defesa”, diz Irã
O Irã disse que o ataque a Israel neste sábado (13) foi uma “legítima defesa” após o consulado iraniano em Damasco, na Síria, ter sido atacado no início de abril —e sinalizou que colocou fim à resposta militar.
“Com base no Artigo 51 da Carta das Nações Unidas relativo à defesa legítima, a ação militar do Irã ocorreu em resposta à agressão do regime sionista [em referência a Israel] contra as nossas instalações diplomáticas em Damasco [em referência ao ataque à embaixada iraniana na Síria, ocorrido em 1º de abril]. O assunto pode ser considerado concluído. Contudo, se o regime israelense cometer outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa. É um conflito entre o Irã e o regime israelense desonesto, do qual os Estados Unidos DEVEM FICAR LONGE!”, disse a Missão Diplomática do Irã em sua conta na rede social X.
Os drones atingiram por volta de 20h o território israelense. Explosões foram ouvidas no território israelense.
Segundo o Canal 12, de Israel, o Irã lançou dezenas de drones e mísseis, num total de cerca de cem artefatos. Alguns teriam sido derrubados pelas Forças israelenses quando sobrevoavam a Síria e a Jordânia – antes, portanto, de chegarem ao espaço aéreo do país. A previsão é que os drones cheguem a Israel às 20h deste sábado (ou 2h da madrugada deste domingo no horário local). As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmam que foram mais de cem drones, mas não falou sobre o número de mísseis.
Trata-se de uma retaliação depois de um bombardeio no dia 1º de abril contra o consulado iraniano em Damasco, na Síria, em que um comandante sênior das Guardas Revolucionárias do Irã foi morto. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, disse que “os avisos necessários foram dados aos Estados Unidos” sobre o ataque de retaliação. Após o Irã colocar os drones no ar, a Casa Branca afirmou que o ataque vai se desenrolar durante horas.
Três fontes da agência de notícias Reuters no Iraque afirmaram que viram mais de 20 drones voando na região de Sulaymaniya vindos da direção do Irã.
Segundo o Flightradar, um site que monitora a aviação, os espaços aéreos de Israel, Jordânia, Iraque e Líbano estão fechados.
Leia também: Israel diz que ataque do Irã é ‘escalada grave e perigosa’
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