Donald Trump afirma que não tem dinheiro para pagar fiança de R$ 2,3 bilhões

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump afirmou à Justiça americana que não conseguirá arrecadar o valor da fiança de US$ 454 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões, pela cotação atual) que ele precisa depositar por ter fraudado balanços de suas empresas. As informações foram repassadas nesta segunda-feira (18/03) pelos advogados que o representam.

O prazo para o pagamento da fiança é na próxima segunda-feira (25/03). Em fevereiro, Trump foi condenado em primeira instância por ter fraudado balanços de suas empresas com o propósito de conseguir empréstimos e fazer negócios em melhores condições.

Ele afirma que não manipulou os balanços contábeis de suas empresas. Os advogados dele recorreram da decisão –ou seja, vão tentar reverter o resultado em uma instância superior da Justiça.

Os defensores do ex-presidente dos EUA sustentam que Trump não tem esse valor e propuseram depositar um valor menor, de US$ 100 milhões (R$ 501 milhões) ou pedem a suspenção da cobrança do valor, que eles dizem ser excessivo.

Se a Justiça não concordar em reduzir o valor e nem suspender o pagamento, propriedades de Trump poderão ser confiscadas para abater da soma devida.

Defesa de Donald Trump tentou empréstimos

Os defensores afirmam que Trump e sua equipe procuraram 30 empresas que emprestam dinheiro para pagamento de fiança e quatro corretores para tentar fechar um contrato pelo qual uma companhia ficaria responsável pelo pagamento.

O ex-presidente americano contratou Gary Giulietti, um executivo especializado em seguros, para tentar conseguir um contrato com uma empresa de pagamento de fiança.

Se Trump perder, esse contrato garante que a empresa de pagamentos de fiança quitaria o valor.

Giulietti afirmou por escrito que conseguir uma finança de US$ 454 milhões “é impossível nas atuais circunstâncias”, e que muitas empresas de pagamentos não emitem títulos de mais de US$ 100 milhões e, nesses casos, não aceitam imóveis como garantias (grande parte do patrimônio de Trump está em imóveis).
Os advogados dizem que o juiz de primeira instância está pedindo um valor que na prática impede que ele possa recorrer da sentença.

Processo contra Donald Trump vem desde 2022

A procuradora-geral do estado, Letitia James, processou Trump e a Organização Trump em setembro de 2022 por mentirem durante uma década sobre valores de ativos e seu patrimônio líquido para obter melhores condições em empréstimos bancários e seguros.

Ela disse que o ex-presidente dos EUA inflou o seu patrimônio líquido em até U$ 2,23 bilhões nas demonstrações financeiras anuais fornecidas a bancos e seguradoras.

Letitia disse que os ativos cujos valores foram inflacionados incluíam a propriedade de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, seu apartamento de cobertura na Trump Tower, em Manhattan, e vários edifícios de escritórios e campos de golfe.

Novas declarações polêmicas

O ex-presidente Trump e seus aliados reagiram agressivamente depois de os Democratas e os críticos se aproveitarem dos seus comentários de que haveria um “banho de sangue” se ele perdesse as eleições de Novembro.

Os comentários de Trump no fim de semana provocaram indignação porque o ex-presidente estava ameaçando desencadear violência semelhante ao ataque de 6 de janeiro ao Capitólio se perdesse sua candidatura à reeleição para o presidente Biden.

“Está claro que esse cara quer outro 6 de janeiro”, escreveu Biden no X, a plataforma anteriormente conhecida como Twitter, depois que os comentários sobre o banho de sangue rapidamente se tornaram virais. “Mas o povo americano vai dar-lhe outra derrota eleitoral retumbante neste mês de Novembro.”

Trump e os seus aliados expressaram exasperação e raiva pela tempestade que se seguiu, alegando que estava claro no contexto que o ex-presidente estava a discutir a indústria automóvel.

“A mídia Fake News e seus parceiros democratas na destruição de nossa nação fingiram estar chocados com o uso da palavra BLOODBATH, embora entendessem perfeitamente que eu estava simplesmente me referindo às importações permitidas pelo Crooked Joe Biden, que estão matando a indústria automobilística”, escreveu Trump no Truth Social.

Os comentários em questão foram feitos em um comício em Ohio no sábado em apoio a Bernie Moreno, candidato nas primárias do Partido Republicano para o Senado de Ohio. A certa altura, Trump alertou a China contra a tentativa de abrir fábricas no México para vender carros aos Estados Unidos.

“Não, vamos impor uma tarifa de 100% sobre cada carro que cruzar a linha, e você não poderá vender esses carros se eu for eleito”, disse Trump. “Agora, se eu não for eleito, vai ser um banho de sangue para o país, isso é o de menos. Mas eles não vão vender esses carros, estão construindo fábricas enormes.”

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Foto: Getty Images via AFP