A economia brasileira deve desacelerar de 3,1% em 2023 para 1,6% em 2024, segundo o relatório Situação Econômica Mundial e Perspectivas 2024, divulgado nesta sexta-feira (9) pela Organização das Nações Unidas (ONU). O documento aponta que o Brasil enfrenta desafios para manter a recuperação econômica iniciada em 2022, após a forte queda de 4,1% em 2021, causada pela pandemia de Covid-19.
Entre os fatores que devem limitar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024, o relatório destaca a alta da inflação, que fechou 2023 em 10,04%, acima do teto da meta do governo, que era de 5,25%. A inflação elevada reduz o poder de compra da população, especialmente dos mais pobres, e afeta a confiança dos consumidores e dos empresários.
Para tentar conter a inflação, o Banco Central aumentou a taxa básica de juros, a Selic, de 2% ao ano em janeiro de 2023 para 9,25% ao ano em dezembro de 2023, o maior patamar desde 2016. Os juros altos encarecem o crédito e desestimulam o investimento e o consumo, que são motores do crescimento econômico.
Outro problema que deve prejudicar a economia brasileira em 2024 é a crise hídrica, que elevou o custo da energia elétrica e provocou racionamento em algumas regiões. O Brasil enfrenta a pior seca dos últimos 91 anos, que reduziu o nível dos reservatórios das hidrelétricas, que respondem por cerca de 60% da matriz energética do país. Para evitar um apagão, o governo acionou as termelétricas, que são mais caras e poluentes, e criou uma bandeira tarifária extra, que aumentou a conta de luz em 14,2%.
Além dos fatores internos, o relatório da ONU também cita os riscos externos que podem afetar a economia brasileira em 2024, como a desaceleração do crescimento global, a volatilidade dos preços das commodities, a instabilidade cambial e a propagação de novas variantes do coronavírus. O documento recomenda que o Brasil adote políticas fiscais e monetárias que apoiem a recuperação econômica, sem comprometer a sustentabilidade das contas públicas e a estabilidade dos preços.
O relatório da ONU também faz uma projeção para a economia mundial, que deve crescer 4,7% em 2024, após expandir 5,4% em 2023. A recuperação global, no entanto, é desigual entre as regiões e depende do avanço da vacinação contra a Covid-19. As economias desenvolvidas devem crescer 3,9% em 2024, enquanto as economias em desenvolvimento devem crescer 5,5%. A América Latina e o Caribe devem ter um crescimento de 2,1% em 2024, abaixo da média mundial.
Por: Redação Infoflash
