Enfrentando maior seca em 74 anos, uruguaios acusam Google de pilhagem de água

O Uruguai enfrenta a sua pior seca em 74 anos. Água está sendo captada próxima à foz do Rio da Prata para abastecer Montevidéu, o que deixa o líquido salobro – o governo recomenda que bebês e gestantes devem beber água mineral e que não se use sal na preparação da comida.

Em meio ao caos, o Google anunciou um plano para construir um centro de dados que usará 7,6 milhões de litros de água por dia. A empresa diz que o projeto ainda não está pronto, e o consumo deverá ser menor. A alegação não impediu a revolta dos uruguaios contra o que classificam de “pilhagem”.

A água para consumo humano representa uma ínfima parte do gasto no país vizinho. A maior parte é utilizada no agronegócio exportador.

No Brasil não é diferente. A agropecuária responde por quase 72% do consumo do precioso líquido (aproximadamente 97% da água do planeta é salgada, 3% é água doce, dos quais 0,01% é considerada apropriada para consumo humano ou animal). A indústria consome cerca de 22%; o uso doméstico responde por algo entre 6% e 8%.

Explica o professor Paulo Márcio de Mello, em artigo na coluna Empresa-Cidadã:

“Conclui-se que, mesmo abstendo-se de escovar os dentes, de tomar banho, de lavar a louça, de fazer a barba e tantas outras atividades domésticas, o ganho obtido com a abstinência absoluta do uso doméstico da água, ainda assim, os esforços não ultrapassariam 4% do total de usos”.

Prossegue Paulo Márcio: “De acordo com o estudo ‘Contas Econômicas Ambientais da Água: Brasil 2013-2017 (CEAA)’, divulgado pelo IBGE, em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), para cada R$ 1 de valor adicionado bruto, gerado pela economia brasileira e considerado na formação do PIB, em 2017, foram utilizados, aproximadamente, 6,3 litros de água. A atividade que se valeu da maior quantidade de água foi a atividade primária (agronegócio, agricultura de sequeiro, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura), com 1.061 litros para cada R$ 1 gerado.”

Fonte: Monitor Mercantil

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