
Festival de Cinema de Brasília tem sessão inaugural com homenagens calorosas, emoção e até protestos
O 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou no último sábado (09/12) com uma forte exaltação ao audiovisual do país. O evento em Brasília é o mais antigo festival do gênero no país. Nesta edição de 2023, são mais de 50 filmes brasileiros selecionados para Festival, o que representou um recorde de inscrições.
A primeira noite do Festival de Brasília contou com a participação de figuras emblemáticas do cinema local e nacional em comunhão na grande sala de exibição do Cine Brasília. Com homenagens a Antonio Pitanga, Dácia Ibiapina e Maria Coeli, o evento misturou cinema, justiça social e alegria neste que é um dos mais importantes festivais de cinema do Brasil. A edição de 2023 vai até o próximo sábado, com a mostra competitiva sempre às 21h, enquanto a Mostra Brasília é exibida às 18h.
O Cine Brasília estava lotado no último sábado para a sessão de abertura encabeçada pelo longa “Ninguém sai vivo daqui”, de André Ristum. O público se dividia entre convidados, frequentadores e curiosos que foram ao espaço não só para assistir ao filme, mas toda a cerimônia de abertura, embalada pelos tambores do Batalá Brasília e com homenagens a grandes artistas do cinema brasiliense e brasileiro.
Diretora artística do festival, Anna Karina de Carvalho destacou que esta edição busca trazer um recorte do mais potente na vanguarda da sétima arte brasileira. O evento quer proporcionar um mergulho no novo cinema, que carrega uma notável variedade linguística e de perspectivas.
Segunda ela, a comissão curadora do festival foi cotada a partir de nomes experientes, que acompanharam o cinema brasileiro o ano inteiro. A seleção priorizou trabalhos inéditos, com temas principalmente políticos, mas também dando atenção à pluralidade do festival, trazendo obras de todos os estados brasileiros.
O longa “Ninguém sai vivo daqui” fala sobre pessoas abandonadas no Hospital Psiquiátrico Colônia (em Minas Gerais). O diretor Ristum ressalta seu contentamento em estrear o filme na arrancada do festival. “É um cinema que realmente tem uma sessão muito calorosa, com um público envolvido, emocionado e que participa. Então, poder estrear esse filme no Brasil, aqui na abertura de Brasília, no Cine Brasília, é um momento muito especial, muito único”, ressaltou.
A atriz Fernanda Marques, que faz o papel da protagonista Elisa no filme, também prestigiou o evento. “Está sendo um privilégio, eu estou muito feliz de estar aqui. Eu acho que mais do que estrear num festival fora do país, estrear num festival no seu país é muito mais importante, muito mais relevante pra mim. Ainda mais no Festival de Brasília. Está sendo um sonho realizado”, disse Fernanda.
A atriz frisou a importância de obras como Ninguém sai vivo daqui. “É uma história pesadíssima e super necessária, porque as pessoas não contam as histórias do nosso país. Contam apenas alegrias e o brasileiro tem uma mania esquisita de esquecer as coisas”, avaliou.
A aposentada Beth Gameiro que, desde meados dos anos 70, vem ao Festival, chegou às 18h, para garantir o ingresso. Ela já teve parte na organização do evento e, hoje em dia, se desdobra como público. “Em termos culturais é a melhor coisa em Brasília tem. Faz parte do que a gente vive Todo ano na cidade”, opina.
Ao lado dela, a economista Zuleica Brito, 80 anos, contou da ansiedade com o filtro para escolher a programação. “Jogaram 400 filmes mais ou menos no colo da gente (risos). Estou esperando muito o filme da Sandra Kogut (No céu da pátria nesse instante). A situação das eleições (tema do filme) foi retratada na televisão. Mas é bem diferente de ver jogado em um filme, com mais filtros, no telão do Cine Brasília. Vimos na tevê um mar de informações. Mas, com o filme, teremos entendimento melhor e maior do painel politico”, comentou.
O clima esquentou na sala de exibição do Cine Brasília minutos antes de as luzes se apagarem para o filme. Fernando Borges, gestor da parceria de organização do evento e presidente da Associação Amigos do Futuro, foi vaiado e muito hostilizado durante o discurso. O público gritava para que iniciasse o filme e também frases como “fora Ibaneis” e “puxa saco”.
Com informações do Correio Braziliense
Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press



