Governo desiste de taxar compras internacionais em sites como Shein, Shopee e Aliexpress

Diante da repercussão negativa para o governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou nesta terça-feira (18/04) que a sua pasta desistiu da ideia de taxar compras internacionais em sites como Shein, Shopee e Aliexpress no valor de até US$ 50.

Segundo o ministro, o pedido veio do próprio presidente Lula que, na mesma ocasião, solicitou que a questão fosse resolvida administrativamente, sem o fim da isenção para transações entre pessoas físicas.

“Lula falou: ‘Deu muito diz que me diz na rede, as pessoas estão confusas. Quero que o Ministério da Fazenda encontre um caminho para atacar quem está criando o problema e não as pessoas’.” pontuou Haddad.

A notícia, certamente, animou os clientes da Shein e Shopee, que estavam receosos com as futuras compras nas plataformas.

Em contrapartida, as ações de algumas das principais varejistas do país, como Magazine Luiza (MGLU3), Marisa (AMAR3), Renner (LREN3) e Riachuelo (GUAR3) operaram no vermelho na tarde desta terça-feira (18/04).

Como ficam as varejistas brasileiras nessa história?
Muito antes do governo decidir voltar atrás na decisão, as empresas do setor de varejo no Brasil já haviam se posicionado contra as concorrentes chinesas. Segundo as companhias brasileiras, essas empresas não operam sobre as mesmas cargas tributárias que as varejistas nacionais.

Isto é, como elas produzem em outros países os impostos cobrados e custos trabalhistas são muitas vezes menores. Além disso, há a desconfiança de que essas varejistas internacionais usam a isenção de até US$ 50 para transações entre pessoas físicas como “brecha” para baratear ainda mais o custo de suas mercadorias.

Contudo, é importante lembrar que os problemas enfrentados pelo setor de varejo no Brasil não são causados exclusivamente pela concorrência com as chinesas Shein, Shopee, AliExpress e outras.

Boa parte dos problemas das varejistas nacionais se devem a um conjunto de fatores macro e microeconômicos. A começar pela inflação, que reduz o poder de compra dos consumidores. Muitos dos clientes das grandes varejistas do país pertencem às classes C, D e E, que são os grupos mais afetados.

Nesse sentido, o aumento da taxa básica de juros, medida adotada pelo Banco Central para controlar a inflação, também prejudica as varejistas por dois motivos:

– Reduz a atividade econômica: com o crédito mais caro, a população gasta menos, o que representa menos receita para as varejistas;
– Aumenta as despesas: um dos principais problemas das varejistas nacionais é a alavancagem alta. Isto é, essas empresas possuem muitas dívidas e, em um cenário de juros altos, essas despesas ficam ainda mais caras.

Diante desses fatores, a concorrência com as varejistas chinesas é apenas mais um agravante para as empresas nacionais.

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