Mundo

Governo russo prende repórter do Wall Street Journal por suposta espionagem

O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) disse nesta quinta-feira (30/03) que Evan Gershkovich, repórter norte-americano do Wall Street Journal, foi detido na cidade de Yekaterinburg, nos Montes Urais, por acusação de espionagem. A principal agência de segurança russa diz que o repórter supostamente tentava obter informações confidenciais.

Evan Gershkovich, levado a um tribunal de Moscou, afirmou que em nenhum momento realizada qualquer ação de espionagem. Entretanto, o tribunal decidiu que Gershkovich deverá ser mantido sob custódia por quase dois meses até 29 de maio, quando deverá ocorrer o seu julgamento.

O advogado de Gershkovich, Daniil Berman, disse a jornalistas fora do tribunal que não foi permitida a sua presença no julgamento, e que Gershkovich provavelmente seria mantido no centro de detenção pré-julgamento de Lefortovo, que é frequentemente usado pelo serviço de segurança russo FSB.

Gershkovich é o primeiro repórter americano de uma agência de notícias dos EUA a ser preso por acusações de espionagem na Rússia desde a Guerra Fria. Sua prisão ocorre em meio às amargas tensões entre Moscou e Washington sobre os combates na Ucrânia.

O FSB alegou que Gershkovich “estava agindo sob ordens dos EUA para coletar informações sobre as atividades de uma das empresas do complexo industrial militar russo que constituem um segredo de Estado”.

“As atividades ilegais do correspondente do escritório de Moscou do jornal americano The Wall Street Journal, cidadão americano Evan Gershkovich, nascido em 1991, credenciado no Ministério das Relações Exteriores da Rússia, suspeito de espionagem no interesse do governo americano, foram reprimidas “, continuou a declaração do Serviço Federal de Segurança da Rússia.

O Kremlin disse entender que Gershkovich foi pego “em flagrante”.

Outros jornalistas que trabalham para a publicação norte-americana na Rússia podem permanecer em seus cargos, desde que tenham as credenciais corretas e estejam realizando o que chamou de “atividade jornalística normal”, afirmou o governo.

Se for condenado por espionagem, Gershkovich pode pegar até 20 anos de prisão se for condenado por espionagem. O repórter cobre a Rússia e a Ucrânia como correspondente no escritório do Wall Street Journal em Moscou.

Em comunicado, o jornal nega com veemência qualquer atividade de espionagem de seu repórter. “O Wall Street Journal nega veementemente as alegações do FSB e busca a libertação imediata de nosso confiável e dedicado repórter, Evan Gershkovich. Estamos solidários com Evan e sua família”, disse o Wall Street Journal em comunicado.

A última reportagem de Gershkovich em Moscou, publicada no início desta semana, focou na desaceleração da economia russa em meio às sanções ocidentais impostas quando as tropas de Vladimir Putin entraram na Ucrânia no ano passado.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse no Telegram nesta quinta-feira que as atividades de Gershkovich “não estavam relacionadas ao jornalismo”.

Outro americano, Paul Whelan, executivo de segurança corporativa de Michigan, está preso na Rússia desde dezembro de 2018 por acusações de espionagem que sua família e o governo dos EUA disseram ser infundadas.

Com informações de agências internacionais

Mostrar mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo