
Ipea diz que alimentos e medicamentos são os itens que mais pesam no bolso dos brasileiros
A inflação tem desacelerado ao longo dos meses de 2023, mas a população mais pobre ainda continua sendo a mais impactada. É o que revela o Indicador de Inflação por Faixa de Renda, medido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A pesquisa mostra que alimentos e medicamentos têm pesado no bolso dos brasileiros, principalmente dos mais pobres. O impacto é especialmente na ida ao supermercado, com altas expressivas das massas (16,8%), leite e derivados (14,7%) e panificados (12,9%).
O consumo de alimentos e bebidas muda conforme contexto e país. Tanto é que os lanches entre as refeições são vistos pelos brasileiros como um hábito saudável, enquanto os mexicanos enxergam a ocasião como indulgência. Os dados são do estudo “Appetite for Growth”, produzido pela Kantar.
O mesmo momento de consumo também pode apresentar hábitos diversos entre os países. No almoço, os três itens mais consumidos pelos brasileiros são arroz (presente em 77,6% das ocasiões), feijão (64,8%) e óleo (50,4%). No México, o ranking é formado por vegetais (51,4%), especiarias (51,2%) e a combinação de cebola e alho (49,6%).
Independentemente das diferenças, o aumento da inflação na região fez com que as proteínas mais caras perdessem espaço no almoço e jantar. Enquanto a carne bovina caiu 2,9 p.p. em ocasiões em ambos os países, houve alta na procura por proteínas mais baratas, como salsicha (2,7 p.p.) e carne de porco (1,5 p.p.).
O estudo usa o conceito de “momentos de demanda para o consumo”. O relatório aponta que as ações das pessoas são influenciadas pelo coração (priorizar a relação emocional com o produto ou racional) e estômago (saciar a fome ou cozinhar por prazer), tudo isso influenciado pelo relógio, que dita o tempo disponível ou o dia e hora da semana em que ocorrem, conforme o momento de consumo. A partir dessas esferas, são desmembrados quatro cenários: nutrição diária, restauração & reabastecimento, tempo juntos, e descontração e relaxamento. Dentro deles, outros 14 subcenários são criados, os chamados “momentos de demanda”.
O cenário nutrição diária é o mais relevante tanto no Brasil (30% das ocasiões) como no México (43%). A diferença está no subcenário. No primeiro país desponta a preferência por uma refeição nutritiva, rápida e fácil para começar o dia ou manter o ritmo da família (16%), enquanto os mexicanos priorizam refeições semanais práticas e partilhadas por toda a família (27%).
O relatório analisou um total de 2,5 milhões de ocasiões de alimentação dentro dos lares de cinco países: Brasil, Espanha, França, México e Reino Unido. A amostra rotativa cobriu 52 semanas no terceiro trimestre de 2022.



