
Javier Milei, candidato a presidente, critica a entrada da Argentina no bloco dos Brics
O deputado ultradireitista Javier Milei, candidato que liderou a votação nas eleições primárias à Presidência da Argentina, criticou a entrada do país no Brics, anunciada nesta quinta-feira (24/08) – durante cúpula na África do Sul, os líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e do país anfitrião anunciaram a admissão de seis novos membros no Brics: Argentina, Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos.
Milei, em discurso muito semelhante ao de outros líderes da direita mundo afora, como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), disse que “não vamos nos alinhar com os comunistas”. Segundo ele, o alinhamento da Argentina deve ser com os Estados Unidos e Israel.
A declaração foi dada durante o Conselho das Américas, evento com os maiores empresários do país, em plenária sobre as perspectivas econômicas e políticas da Argentina, nesta quinta-feira.
“Nosso alinhamento geopolítico é [com] Estados Unidos e Israel. Não vamos nos alinhar com os comunistas”, disse o ‘libertário’, citado pelo jornal Clarín. Segundo ele, porém, “o setor privado pode negociar com quem quiser”.
“Isso não quer dizer que o setor privado não possa negociar com quem quiser. O comércio deveria ser livre. E o privado deve comercializar com quem quiser. Eu não disse que devemos deixar de comercializar com o Brasil e com a China. O que estou dizendo é que é uma questão do setor privado na qual eu não tenho que me meter”, completou o deputado, que já falou também em romper com o Mercosul caso seja eleito.
Além do candidato pelo La Libertad Avanza, a também candidata à Presidência Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança do governo de Mauricio Macri, disparou contra a adesão ao Brics. Milei e Bullrich lideraram a votação nas primárias, ele com 30,04% dos votos, e ela com 28,27%.
“A Argentina sob o nosso governo não estará no Brics”, declarou, em um evento na cidade de Buenos Aires. “O presidente, que está em uma situação de enorme fragilidade e sem exercer seu cargo, acaba de comprometer a Argentina a aderir ao Brics, no momento em que ocorre a guerra na Ucrânia”, pontuou.
“De forma alguma vamos endossar que a Argentina se associe a autoritarismo populistas: nós vamos tirar o país desta aliança com Irã, responsável pelos 85 assassinatos no atentado à Amia [Associação Mutual Israelita Argentina], e Rússia, a invasora da Ucrânia. Em um governo nosso, a Argentina não fará parte do Brics”, afirmou.
O presidente Alberto Fernández, por sua vez, defendeu o ingresso do país no bloco e ressaltou que o Brics representa 24% do PIB global.
“Vamos ser protagonistas de um destino comum em um bloco que representa mais de 40% da população mundial e, ao mesmo tempo, que seguimos fortalecendo nossas relações frutíferas, autônomas e diversas com outros países. A nossa entrada no Brics é um objetivo coerente com a nossa busca de projetar o país como um interlocutor-chave e um potencial articulador de consensos em colaboração com outras nações”, disse.
O Brics reivindica um equilíbrio mundial mais inclusivo, em particular no que diz respeito à influência dos Estados Unidos e da União Europeia. Durante a cúpula, o bloco reafirmou sua postura de “não alinhamento”, em um contexto de divisões provocadas pelo conflito na Ucrânia.
Eleição presidencial
A eleição presidencial da Argentina ocorrerá em 22 de outubro e terá sob pano de fundo a questão econômica do país, que está com uma inflação de três dígitos.
O candidato de esquerda, apoiado pelo governo, Sergio Massa, é o atual ministro da Economia e ficou em terceiro lugar nas primárias, com 27,27% dos votos.



