Política

Joaquim Barbosa diz que governo Lula “é uma grande festa”, e precisa de mais sobriedade

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa afirmou que o terceiro governo Lula estaria seguindo a mesma linha da gestão Bolsonaro, ao optar por fazer “muita propaganda” e “espetáculo”. O ex-ministro disse que no atual governo, “tudo é uma grande festa”, quando, na verdade, o Brasil estaria precisando de “sobriedade”.

“O governo precisa [de] um pouco mais de sobriedade. Tá seguindo a linha do Bolsonaro com muita propaganda. É preciso sentar e, com moderação, tomar as decisões importantes para o país sem necessidade de todo esse foguetório”, avaliou o ex-ministro.

Na sequência, Joaquim Barbosa afirmou que “já faz de 40 a 50 anos que governar se tornou um espetáculo”.

“O governo é palco constante. Os atores estão o tempo todo em encenação. Mas um país que está saindo da truculência dramática como foi o governo Bolsonaro merece um pouco mais de calmaria e sobriedade”, acrescentou.

Joaquim Barbosa também criticou o ministro da Justiça, Flávio Dino, além do próprio presidente Lula, e pediu que haja “contraste” com o governo anterior.

“Tudo é uma grande festa. O próprio [Flávio] Dino, que, por sinal, admiro muito, dá seus shows semanais, o presidente continua soltando o verbo. Não é bom. Deveria haver um contraste com a balbúrdia anterior”, declarou Barbosa.

Ministro negro no STF

Durante a entrevista, Joaquim Barbosa ainda afirmou que Lula errará caso não indique nenhum ministro negro para o STF. O atual chefe do Executivo tem direito a duas indicações para a Suprema Corte. O nome favorito até o momento é o de Cristiano Zanin, advogado de Lula em processos na Lava Jato.

“Lula foi ousado ao me nomear 20 anos atrás, quando o Brasil ainda vivia o mito da democracia racial. Seria um paradoxo que, hoje, depois do avanço nas políticas de igualdade racial iniciadas precisamente no governo dele, nenhuma das duas vagas venha a ser preenchida por um negro”, assinalou Barbosa.

O ex-ministro ainda minimizou as dificuldades de Lula envolvendo apoio no Poder Legislativo.

“Presidencialismo é isso mesmo, um sistema de múltiplos terrenos de negociação. É raro ver uma situação em que um partido domina o Legislativo e o Executivo e efetiva toda sua pauta. Isso é coisa de parlamentarismo. (…) O partido do presidente tem 11% das cadeiras na Câmara. É minoritário, mas pode governar. Basta que o presidente exerça a liderança e seus negociadores tenham boa interlocução. No parlamentarismo, você só governa com maioria e aprova medidas que mudam profundamente uma sociedade de uma hora para outra. No presidencialismo é o contrário. Você pode ser minoritário e conseguir, com liderança presidencial apropriada e com boa escolha dos membros do governo, moderação das propostas”, analisou.

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