Cotidiano

Líder do MST diz que movimento “não vai aceitar focinheira” do governo Lula

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, divulgada nesta sexta-feira (28/04), o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues, faz um balanço das ações do movimento durante o chamado “Abril Vermelho”, nega que ele tenha mudança de tática sob Lula e reafirma a autonomia do grupo em relação ao governo federal. Na entrevista, o líder dos sem terra faz diversas críticas ao governo Lula, e afirma que o MST não aceita “qualquer tipo de coleira ou focinheira sobre a organização”. Rodrigues diz ainda que a CPI contra eles seria “inconstitucional”, e que o assunto deve ser judicializado.

Ao responder questionamento da Folha de S.Paulo sobre a criação da CPI na Câmara, o líder do MST afirmou que ela seria uma espécie de prevenção sobre ações futuras do movimento. “Não é sobre o passado, porque não há fato que a justifique. Nossas ações estão dentro do marco na democracia. Se o Congresso reafirmar essa CPI, será uma perseguição política. Nós vamos judicializar junto ao Supremo Tribunal Federal, porque ela é inconstitucional”, disse.

Em outro momento, a Folha de S.Paulo pergunta a João Paulo Rodrigues se a criação da CPI foi resultante de abandono do movimento por parte do governo, ou mesmo se Lula teria uma base fraca no Congresso. O líder dos sem terra concordou que a base governista seria fraca. “Acredito que o governo está fraco no Congresso Nacional. PT, PSOL, PC do B e PSB vão lutar para não ter a CPI, vão fazer um bom combate contra o latifúndio e a defesa do MST. Não devemos ficar com medo da direita. Nós já passamos por quatro CPIs, e o MST saiu mais forte de todas elas”, afirmou Rodrigues.

A Folha lembrou que o MST ficou ao lado de Lula nos momentos mais difíceis, incluindo a Lava Jato e a prisão dele, e questionou se o movimento se acharia credor do presidente. O coordenador do MST foi enfático em negar qualquer dívida com Lula. “De forma alguma. Lula não tem nenhuma dívida com MST e nem o MST tem dívida com Lula. Vamos defender o governo em todos os momentos, não somos vacilões. O governo é nosso, nós ajudamos a construir. Mas o MST tem autonomia em relação ao PT e ao governo. Nós não somos correia de transmissão [do governo] e não aceitamos nenhum tipo de coleira ou focinheira sobre a organização do MST”, disse o líder do movimento.

Na entrevista, a Folha de S.Paulo também questionou o líder dos sem terra se ele acha que há ingratidão do governo e do comando do PT com as causas do MST. João Paulo Rodrigues, em resposta, apontou erros do governo em relação às pautas do movimento.

“O Governo errou politicamente em não atender nossa pauta. Mas não cabe a nós dizer que O governo tem que fazer. Nós reivindicamos. Na minha avaliação, o governo não gostou das ações do MST e deve ter pedido nas conversas internas: ´Vamos colocar o MST no cantinho do pensamento, depois nós atendemos eles´. Imagino que não seja uma decisão de Lula, mas dos ministros da burocracia do governo. É uma pena, porque quem tinha comportamento de não negociar com o MST em ocupação de terra eram outros”, afirmou o líder do MST.

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