
Lula é recebido pelo presidente de Portugal e inicia agenda oficial após ser alvo de protestos de ucranianos
O presidente Lula iniciou neste sábado (22/04) a sua visita de cinco dias a Portugal. Ao lado da primeira-dama, Rosângela da Silva, o presidente brasileiro cumpre um intenso programa que começou esta manhã na Praça do Império no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, onde, depois das honras militares protocolares, na companhia do presidente português Marcelo Rebelo de Sousa, depositou uma coroa de flores no túmulo do poeta Luís de Camões.
Lula e Marcelo Rebelo de Sousa reuniram-se, em seguida, no Palácio de Belém, antes do início da XIII Cimeira Luso-Brasileira, que contará com a participação do primeiro-ministro português, António Costa, no Centro Cultural de Belém.
Depois do encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Lula, no Palácio de Belém, os dois chefes de Estado falaram aos jornalistas em uma coletiva de imprensa. Enaltecendo a figura do seu colega brasileiro e a participação na Cimeira luso-brasileira, o presidente de Portugal falou de paz, de acordos e de “futuro”, que, segundo ele, alargará “mais e mais horizontes”. O chefe de Estado do Brasil, por sua vez, agradeceu o convite e o “relançamento” das relações bilaterais entre os dois países.
“Na sequência do convite que formulei no dia primeiro janeiro deste ano, sejam bem-vindos a esta pátria irmã que já acolheu o presidente Lula seis vezes”, começou por dizer Marcelo Rebelo de Sousa, dirigindo-se ao presidente brasileiro e à primeira-dama, recordando as anteriores visitas de Estado oficiais a Portugal do chefe de Estado.
Mencionando declarações de Cavaco Silva, durante a última visita de Lula a Lisboa, o presidente português classificou o seu colega brasileiro como “uma das grandes figuras do nosso tempo e um amigo de Portugal”.
“O seu percurso de vida é, desde muito cedo, o da coragem perante a adversidade, da tenacidade perante os obstáculos, da generosidade perante as dificuldades dos mais fracos”, recordou o discurso de Cavaco Silva. “Os grandes líderes distinguem-se pela sua capacidade de traduzir ideais em realizações concretas e mobilizadoras da esperança. Esse é indiscutivelmente o caso de Lula da Silva”.
“Sejam bem-vindos a esta pátria que tanto deve a centenas de milhares de irmãos brasileiros”, continuou Marcelo Rebelo de Sousa.
De sua parte, Lula começou seu discurso no Palácio de Belém afirmando que é sempre com prazer que se reúne com “amigos portugueses”.
“Hoje a ocasião é totalmente especial: realizo a minha primeira visita de Estado deste meu terceiro mandato e retribuo a gentileza do presidente Marcelo Rebelo de Sousa em comparecer na cerimónia da minha posse”, agradeceu o presidente do Brasil. Em tom de brincadeira, recordando a visita de Marcelo ao Brasil, Lula disse: “Lá no Brasil, cometeu um lapso: você foi nadar no lago Paranoá. E foi mergulhar e na semana seguinte apareceu um jacaré. Então da próxima vez, por favor, não deixe o presidente Marcelo nadar no lago Paranoá”.
Lula seguiu seu discurso afirmando que esta sua visita seria especial por marcar o “relançamento” das relações bilaterais entre Portugal e Brasil, destacando que debateu com o presidente português iniciativas para melhorar as relações económicas e comerciais entre os dois países e para dinamizar as atividades culturais e de cooperação educacional.
“Eu penso que Portugal e o Brasil têm um potencial enorme extraordinário para dobrar o nosso fluxo de comércio exterior”, sublinhou Lula , acrescentando a necessidade de ambos os países serem mais “ousados”, “desaforados” e que “discutam mais, conversem mais e projetem perspectivas de futuro” entre si.
Protestos de ucranianos
O presidente Lula foi alvo de protestos nesta sexta-feira (21/04), em Portugal. Ucranianos foram até a embaixada do Brasil em Lisboa com bandeiras, cartazes e fotos do conflito para cobrar o presidente brasileiro das recentes declarações sobre a guerra.
A refugiada ucraniana Yana Kolomiiets, que está em Portugal há quatro meses, participou do protesto em Lisboa, e disse ter se sentido “terrível” ao ouvir os comentários de Lula. “Isso me deixou tão chateada porque não sei como o presidente do Brasil pode apoiar Putin”, disse a jovem de 27 anos à agência de notícias Reuters.
Do lado de fora da embaixada, os manifestantes seguravam cartazes dizendo: “A Rússia é um Estado terrorista” e “Pare de matar nossos filhos”.
O presidente da Associação Ucraniana de Portugal, Pavlo Sadokha, disse que a Ucrânia precisa de apoio e não de críticas. “Morrem pessoas todos os dias e precisamos de apoio internacional.”
A associação de Sadokha entregou uma carta à embaixada brasileira para expressar seu descontentamento. O documento foi entregue ao embaixador do Brasil, Raimundo Carreiro, e ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Marcio Macedo.



