Mundo

Macron força reforma da Previdência, e protestos aumentam em toda a França

Novos protestos eclodiram em diversas cidades da França nesta sexta-feira (17/03), com milhares de pessoas nas ruas expressando sua raiva depois que o presidente Emanuel Macron aprovou a força, nesta quinta-feira (16/03), a polêmica Reforma da Previdência, sem o voto dos deputados. Por meio de um artigo da Constituição francesa – o Artigo 49,3 – Macron passou por cima do Parlamento para forçar o aumento da idade para a aposentadoria na França.

Imediatamente após a notícia da decisão de Macron, a França começou a registrar protestos violentos. A polícia precisou intervir com canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar milhares de manifestantes reunidos na Praça da Concórdia, em Paris, perto da Assembleia Nacional, para protestar contra a reforma e a polêmica adoção.

Em meio aos gritos da oposição de esquerda, que cantava a Marselhesa, o hino nacional francês, a primeira-ministra Elisabeth Borne teve que forçar a voz na Assembleia Nacional para anunciar o uso do artigo pelo presidente. “Até o último minuto, fizemos todo o possível para garantir uma maioria para este texto. Mas as contas não batiam”, explicou Borne, confirmando a ativação do artigo 49.3 em “comum acordo” com Macron.

Apesar da reprovação de dois a cada três franceses, segundo as pesquisas, o presidente francês pretende aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e adiantar para 2027 a exigência de 43 anos de contribuição – e não 42 como até agora – para garantir a aposentadoria integral. Durante o Conselho de Ministros que autorizou o uso do 49.3, Macron avaliou que não podia jogar “com o futuro do país” e que “os riscos financeiros e econômicos eram muito grandes” para perder a votação, segundo participantes da reunião.

Nesta sexta-feira, 310 pessoas foram presas, principalmente em Paris, após uma noite de protestos. Na Place de la Concorde, em Paris, as pessoas atearam fogo a equipamentos de construção na praça e houve manifestações semelhantes em Rennes, Nantes, Lyon e Marselha.

Marine Le Pen, do partido de extrema-direita Rally Nacional, disse que apresentaria uma moção de censura ao governo. Já o político comunista Fabien Roussel disse: “A mobilização vai continuar. Esta reforma deve ser suspensa”.

Uma moção de desconfiança, que deve ser apresentada ainda nesta sexta-feira (17/03), precisa ser aprovada por mais da metade da Assembleia. Se a moção de desconfiança não for aprovada, o projeto de lei da pensão será considerado aprovado. A última moção de desconfiança a ter sucesso foi em 1962.

Enquanto isso, os sindicatos franceses anunciam outro dia de greves nacionais em 23 de março. Banners em Paris na noite desta quinta-feira diziam: “Eles dizem capitalismo. Nós dizemos luta.”

“Se os direitos não forem defendidos, serão pisoteados.”, afirmam os cartazes que anunciam novos protestos contra a reforma de Macron.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo