Cotidiano

Poluição de rio e oceano é o maior problema para 86% dos brasileiros

Maioria da população considera poluição das águas problema muito grave

Para 86% dos brasileiros, a poluição das águas é o principal problema global da humanidade, nível superior à média global (64%) e acima de desafios como guerras e conflitos armados (83%) e crise climática (73%). É o que revela a pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2023, realizada por Instituto Akatu e GlobeScan, em função do Dia Mundial da Água, que acontece em 22 de março.

O estudo mostra que 84% dos brasileiros consideram a escassez de água potável algo “muito sério”, mesmo índice de preocupação com a pobreza extrema no mundo. Essas duas questões são consideradas graves por menos de 60% da média global, mostrando um alto índice de consciência dos brasileiros para questões relativas à poluição das águas, escassez hídrica e pobreza extrema.

“É significativo que os brasileiros elejam questões relativas à poluição da água como principais problemas globais. Apesar de o Brasil ser privilegiado por suas bacias hídricas, todos nós já vivemos na pele algum período de falta de água ou convivemos com rios, lagoas e praias poluídas ou impróprias para banho, fruto da ação humana, da falta de ação de empresas ou da omissão do poder público”, afirma Felipe Seffrin, coordenador de comunicação do Instituto Akatu, ONG que há 23 anos atua pelo consumo consciente e pela sustentabilidade.

Apenas 2,5% da água na Terra é doce e quase 2/3 desse volume está indisponível para uso imediato, na forma de geleiras ou subsolos congelados, o que requer maior conscientização da sociedade para preservar nascentes da poluição e evitar desperdícios.

“Se toda a água da Terra coubesse em uma garrafa PET de 2 litros, apenas 3 das mais de 40 mil gotas estariam disponíveis para consumo imediato”, alerta Felipe.

Já de acordo com a gerente de Sustentabilidade da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Cláudia Lins, apenas 22% dos gestores consideram que seus municípios estão preparados para enfrentar as mudanças climáticas. O dado é resultado de um estudo, ainda em andamento, que ouviu representantes de mais de 3,6 mil cidades brasileiras.

Segundo ela, a ausência de capacidade técnica e financeira seria a principal razão apontada por gestores para a falta de preparo.

“Nós precisamos pensar lá na ponta a adaptação, mas precisamos agir também na prevenção. Os dados dessa pesquisa também relataram que 68% dos municípios afirmaram nunca terem recebido nenhum recurso de estados ou do Governo Federal para atuar na prevenção às mudanças climáticas”, disse.

A afirmação foi feita durante a Oficina Federalismo Climático: integrando estados e municípios para a adaptação no Brasil, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Desde setembro de 2023, os encontros debatem com entes federados a agenda de transformação ecológica e as diretrizes do Plano Clima apresentadas pelo Governo Federal.

Gargalos financeiros que fomentam a poluição

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reconheceu os gargalos financeiros enfrentados por municípios e disse que o governo federal está atento a essas demandas.

“Eu concordo que financeiramente a gente precisa se fortalecer cada vez mais, mas eu tenho um PIB extra também, quando um outro ministério está cumprindo a agenda do desenvolvimento sustentável”, destacou.

Marina ressaltou, ainda, as limitações legais sobre a descentralização de recursos no setor ambiental, já que a Constituição Federal não trata do tema, mas citou exemplos de sucesso quando há planejamento para que a descentralização aconteça, como o caso da compra de merenda escolar diretamente de produtores da agricultura familiar, onde governos de instâncias diferentes trabalham juntos.

“O federalismo tem que ser acompanhado da capacidade de execução das políticas de governança e de articulação para que de fato a gente tenha um sistema federativo que possa se articular de forma integral”, justificou.

A ministra destacou as políticas públicas prioritárias que o Governo Federal vem implementando no país, a exemplo da meta de zerar o desmatamento e as queimadas e o combate às desigualdades. E destacou alianças com estados para atuar no setor.

“A mudança do clima e o enfrentamento da crise ambiental global representam uma luta generosa, inclusiva, em que todos podem participar”, finalizou.

Monitor Mercantil, com informações da Agência Brasil

Foto: Martine Perret, ONU

Mais informações no site do Instituto Akatu e GlobeScan

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