
Pessoas com obesidade por predisposição genética têm menor risco de doença cardiovascular
O risco de desenvolver doenças cardiovasculares é menor em pessoas com obesidade que têm uma predisposição genética para IMC alto do que em pessoas com obesidade influenciada principalmente por fatores ambientais, como estilo de vida. É o que relatam os pesquisadores do Karolinska Institutet, em estudo divulgado na eClinicalMedicine. O Karolinska Institutet é uma universidade estatal pública na cidade de Estocolmo, na Suécia. É considerada uma das maiores faculdades de medicina da Europa
Como afirmam os pesquisadores da universidade sueca, houve nos últimos anos um aumento global na incidência de sobrepeso e obesidade. Quase um terço da população mundial agora vive com sobrepeso ou obesidade.
“O número é alarmante, pois está bem estabelecido que um IMC alto na meia-idade aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e outras condições”, afirma Ida Karlsson, professora assistente do Departamento de Epidemiologia Médica e Bioestatística do Karolinska Institutet.
No entanto, de acordo com este novo estudo, o risco de desenvolver doenças cardiovasculares varia muito entre as pessoas com obesidade. Os pesquisadores usaram dados de mais de 15.000 gêmeos do Registro Sueco de Gêmeos, coletando informações sobre seu IMC e sua predisposição genética para IMC alto. Eles também usaram dados de registros médicos para estabelecer a incidência de doença cardiovascular nesse grupo.
Ao analisar essas informações, os pesquisadores puderam estudar como o sobrepeso e a obesidade, como resultado de fatores genéticos versus ambientais e de estilo de vida, influenciaram o risco de doenças cardiovasculares.
“A ligação entre obesidade e doença cardiovascular foi duas vezes mais forte naqueles com predisposição genética para um baixo IMC do que naqueles com obesidade causada por fatores genéticos”, disse a autora do estudo, Ida Karlsson.
A Dra. Karlsson enfatiza que um estilo de vida saudável é sempre importante para todos e que o risco de doença cardiovascular foi maior em todas as pessoas com sobrepeso ou obesidade em comparação com pessoas com peso saudável. No entanto, os resultados também indicam que a obesidade causada principalmente por fatores genéticos pode não ter o mesmo impacto adverso na saúde que a obesidade causada por outros fatores, como o estilo de vida.
“A obesidade é uma doença comum complexa que pode ter muitas causas diferentes”, diz ela. “Como é tão estigmatizado, os resultados podem nos ajudar a entender que seus efeitos na saúde diferem de um indivíduo para outro”.
A médica e pesquisadora continua: “Embora todos saibamos que é preciso mais do que exercícios e dieta para combater a obesidade, ainda há um grande estigma associado a ela. Acho que muito poderia ser ganho ao nos concentrarmos no que causou a obesidade e no que podemos fazer para reduzir o risco de comorbidades em cada indivíduo em vez de focar principalmente no IMC.”
O próximo passo da pesquisa da Dra. Karlsson é examinar como indivíduos com sobrepeso e obesidade causados, respectivamente, por fatores genéticos e estilo de vida diferem em relação aos níveis de glicose no sangue, colesterol e marcadores de inflamação.
O estudo foi financiado principalmente pelo Conselho Sueco de Pesquisa em Saúde, Vida Profissional e Bem-Estar (Forte) e pela Área de Pesquisa Estratégica em Epidemiologia e Bioestatística do Karolinska Institutet.



