
Simone Tebet afirma que Selic a 9% “não pode ser o piso” para o Banco Central
Para Simone Tebet, com a queda da inflação desde o ano passado os juros já deveriam estar mais baixos
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse em entrevista à CNN que o Banco Central não pode encarar uma taxa de juros em torno de 9% ao ano como limite para o atual ciclo de afrouxamento monetário.
“Não pode ser o piso”, afirmou Tebet à CNN, taxativamente, ao ser questionada se vê a Selic em 9% como o mínimo a que o BC conseguiria chegar em 2024.
Agora, em março, o BC cortou a taxa básica de juros pela sexta vez seguida em 0,5 ponto percentual. Ela caiu de 13,75% em agosto do ano passado para 10,75% hoje.
Na última reunião, porém, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou mais claramente apenas mais um corte de 0,5 ponto e sinalizou um ritmo de queda menor.
O mercado passou a trabalhar amplamente com novas diminuições de 0,25 ponto percentual a partir de junho e um piso em torno de 9% para a Selic em 2024, mas Tebet avalia que dá para baixar mais.
“À medida que a inflação está menor do que estava no passado, é óbvio que dá, sob pena de continuarmos tendo os maiores juros reais do mundo”, afirmou.
Segundo ela, o governo tem dado mostras reiteradas de compromisso com a sustentabilidade das contas públicas e com a segurança jurídica, o que daria lastro às futuras decisões do BC.
“Não pode ser o piso. O que mudou? Só pode ser o piso se, a partir do segundo semestre, dermos [a equipe econômica] outros sinais que nós não estamos dando. O BC não está analisando só os preços de alimentos e a inflação. O BC está de olho também na política fiscal do governo”, acrescentou Tebet, reiterando que é a favor da independência da autoridade monetária.
A ministra se disse otimista, “até mais otimista do que estava no passado”, sobre o cumprimento da meta de déficit fiscal zero em 2024.
“Tudo o mais constante, eu tendo as rédeas nas mãos — o meu papel é ser chata, aquele grilo falante do Pinóquio, não dá para abrir a torneira, inventar novas despesas públicas, é preciso revisar gasto — não temos preocupação [em revisar a meta] pelo menos até o meio do ano”.
Quanto à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), cujo projeto o governo precisa encaminhar ao Congresso Nacional até 15 de abril, Tebet evitou cravar a meta de 0,5% de superavit para 2025.
“Vamos apresentar algumas propostas para a equipe econômica, analisar juntos se conseguimos colocar na LDO 0,5% de superavit, a depender de uma série de situações”, afirmou.
Na divulgação do novo arcabouço fiscal, o governo se comprometeu com um ajuste gradual das contas públicas: déficit de 0,5% em 2023, zero em 2024, superavit de 0,5% em 2025 e de 1% em 2026.
Tebet defende fim da reeleição
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, defende o fim da reeleição e se coloca a favor da proposta em tramitação no Senado que estabelece mandato de cinco anos para o presidente da República.
Em entrevista à CNN, Tebet disse ver não apenas a reeleição, mas um mandato “curto” de quatro anos para os chefes do Poder Executivo — presidente, governadores e prefeitos — como um “câncer”.
“Totalmente de acordo [com o fim da reeleição]. Um dos grandes cânceres e males é não só a reeleição, é um mandato de quatro anos, é um mandato curto. Você ganha no primeiro ano, no segundo ano você trabalha, no terceiro ano você está pensando na eleição. O Brasil não vai pra frente dessa forma”, disse a ministra.
Tebet contraria, com isso, a posição defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) junto a senadores.
Lula não se pronunciou publicamente sobre o assunto, mas transmitiu sua postura contrária ao fim da reeleição em jantar em que recebeu líderes do Senado, no início de março, no Palácio da Alvorada.
A proposta tem o apoio do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e valeria apenas a partir de 2030. Ou seja, não afetaria o próprio Lula ou governadores e prefeitos atualmente no exercício de seus mandatos.
“Se o [ex-]presidente Bolsonaro não tivesse chance de ser candidato à reeleição, nós não teríamos todo esse processo. Nós teríamos uma eleição totalmente diferente, talvez até sem uma tentativa de golpe. Um mandato de cinco anos, sem reeleição, está de bom tamanho”, afirmou Tebet.
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