O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro
e deputados do partido o pressionaram a ajuizar a ação no TSE questionando o resultado do segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
Na ação, o PL pedia a anulação dos votos computados em alguns modelos de urnas mais antigos. A ação era baseada em um relatório do Instituto Voto Legal, entidade contratada pelo PL para fazer um suposto estudo sobre o sistema de votação brasileiro.
Em depoimento à PF no dia 22 de fevereiro, Valdemar afirmou que foi pressionado por Bolsonaro e por parlamentares após o “vazamento” do relatório do Instituto Voto Legal, pelo qual o partido teria pago cerca de R$ 1,5 milhão, segundo o cacique.
“Indagado se o então presidente Jair Bolsonaro insistiu com o declarante (Valdemar) para ajuizar ação no TSE questionando o resultado das umas eletrônicas, respondeu que, quando houve o vazamento do relatório do IVL (Instituto Voto Legal), os deputados do Partido Liberal e então presidente Bolsonaro o pressionaram para ajuizar tal ação no TSE”, disse Valdemar no depoimento.
À Polícia Federal, o presidente do PL afirmou ainda que a ideia de contratar um instituto para realizar um estudo sobre as urnas eletrônicas também partiu de Bolsonaro e que o IVL teria sido indicado pelo então ministro da Ciência e Tecnologia e atual senador, Marcos Pontes (PL-SP).
Ainda no depoimento, Valdemar relatou que o Instituto Voto Legal produziu relatórios desde o primeiro turno das eleições de 2022 e ressaltrou que chegou a deixar de acompanhar os memorandos “pois não estavam apresentando nada de concreto”.
Valdemar Costa Neto continuou seu depoimento, detalhando a crescente tensão dentro do partido após o segundo turno das eleições. Segundo ele, a insistência em questionar os resultados veio principalmente dos deputados mais alinhados a Bolsonaro, que viam na ação do TSE uma oportunidade de contestar a legitimidade do processo eleitoral. Valdemar mencionou reuniões tensas, nas quais alguns deputados defendiam abertamente teorias da conspiração sobre a fraude eleitoral.
Ele também descreveu como o próprio Bolsonaro parecia convencido de que as urnas mais antigas haviam sido manipuladas, apesar da falta de provas concretas apresentadas pelo Instituto Voto Legal. Segundo Valdemar, o ex-presidente repetia frequentemente que “não poderia deixar a suspeita de fraude sem resposta”, o que aumentava a pressão para que o PL desafiasse formalmente os resultados eleitorais.
Durante o depoimento, Valdemar revelou ainda a existência de comunicações internas do partido que demonstravam a divisão entre os membros sobre a estratégia pós-eleitoral. Enquanto uma ala defendia a necessidade de aceitar a derrota e focar na oposição política, outra insistia na teoria de fraude, acreditando que isso mobilizaria a base eleitoral do partido.
Finalmente, Valdemar admitiu sentir-se desconfortável com a situação, pois, pessoalmente, não estava convencido das alegações de fraude. Ele enfatizou que sua decisão de seguir adiante com a ação no TSE foi mais uma resposta à pressão política do que a uma crença genuína nas alegações do Instituto Voto Legal. Concluindo, Valdemar expressou seu desapontamento com o caminho que o partido havia tomado, ressaltando que tal estratégia poderia prejudicar a imagem do PL a longo prazo.
No final do depoimento, Valdemar expressou sua preocupação com o impacto dessas ações na confiança do eleitorado no processo eleitoral. Ele reconheceu que, embora a iniciativa do partido pudesse mobilizar uma parcela da base de Bolsonaro, ela também poderia alienar eleitores moderados e comprometer a integridade das instituições democráticas do Brasil. Valdemar enfatizou a necessidade de o partido reavaliar suas estratégias e concentrar-se em construir uma oposição responsável e eficaz, em vez de perpetuar disputas infundadas. Ele concluiu sua declaração à Polícia Federal expressando o desejo de que o PL pudesse se distanciar dessas controvérsias e se realinhar com os princípios democráticos, visando fortalecer sua posição em futuras disputas eleitorais.
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Fonte: metropoles.com
