Apesar do corte na Selic, Brasil voltou a ter o maior juro real do mundo

O Brasil voltou a ter a maior taxa de juros reais do mundo na última semana. Isto aconteceu mesmo após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciar um novo corte da taxa básica, de 0,50%. Segundo levantamento, os juros reais do País ficaram agora em 6,90%, no topo do ranking. Em seguida veio o México, com taxa real de 6,89%. O juro real é formado pela taxa de juros nominal do país subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses.

De acordo com o estudo, a volta do Brasil ao topo do ranking reflete a abertura das curvas de juros futuros (expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos), após falas recentes do governo sobre o cenário fiscal do País. As projeções mais baixas para a inflação completam o cenário e também ajudam a explicar a volta do Brasil ao 1º lugar. A Argentina, com índice inflacionário recorde, ficou na ponta oposta do ranking. Apesar de ter as taxas nominais mais altas da lista (133% ao ano), o país também enfrenta um quadro de hiperinflação, o que acaba derrubando as taxas reais.

Segundo o MoneYou, responsável pelo estudo, dois fatores explicam a volta do Brasil para o 1º lugar na lista dos maiores juros reais do mundo: as falas recentes do governo sobre a questão fiscal e as projeções mais baixas de inflação para o país. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “dificilmente” o governo alcançará a meta de déficit zero em suas contas em 2024.

Desde então, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem defendido a adoção de medidas para o alcance da meta, vem sendo alvo de questionamentos sobre o tema.

“Eu não fiquei bravo, é que a jornalista me fez uma pergunta muito dura, assim, de uma maneira que eu não esperava. Vocês me perguntam com educação, eu respondo com educação”, afirmou após jornalistas questionarem e pediram que o ministro não “ficasse bravo” com a insistência.

A ala política do Palácio do Planalto defende a alteração da meta, por temer o impacto das restrições nas contas públicas nas despesas do próximo ano.

Recentemente, em entrevistas feitas a jornalistas, o ministro se esquivou de responder perguntas sobre a meta de zerar o déficit, mas afirmou que não há “nenhum descompromisso” de Lula em relação ao objetivo de equilíbrio fiscal do País.

As afirmações acabaram aumentando as incertezas do mercado sobre o cumprimento da meta fiscal e, segundo o Moneyou, elevaram os juros futuros — cenário que, somado às projeções menores para a inflação, acaram resultando a volta do Brasil ao topo do ranking de maiores juros reais do mundo.

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