Artigo de Célia Ladeira – “A mesa de negociação”

* Por Célia Ladeira

Hoje, na missa das oito horas na Igreja de Aparecida, o bispo dom Orlando Brandes lembrou como Jesus Cristo fazia refeições em casa de seguidores e se reunia com eles em torno de uma mesa. Aproveitando o exemplo, o bispo de Aparecida afirmou que está na hora de os envolvidos na guerra de Gaza se sentarem a uma mesa e negociarem a paz. Preocupado com a falta de água, luz e alimentos para os palestinos que não deixaram seu país, o bispo reforçou a necessidade urgente em suspender o conflito e buscar soluções.

Ecoando a urgência da negociação, dom Orlando reproduziu a posição do papa Francisco em buscar o fim de uma guerra que ainda não conseguiu uma paz verdadeira. Foram anos em que israelenses e palestinos se enfrentaram com saldos cada vez maiores de número de mortos. E perda de territórios por parte dos palestinos.

O que é preciso levar à mesa de negociação? Se falarmos no número de mortos a conversa nem começa. Quem matou mais? A invasão de uma festa em Israel por parte do Hamas causou um susto internacional e mais de mil mortos. O bombardeio sistemático da faixa de Gaza pelos soldados israelenses aumenta a mortandade de palestinos a cada dia. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aliado de Israel, afirma que os judeus estão sendo massacrados outra vez. Ele não inclui na conta o número de mortos do lado árabe. Por quê?

Para se sentar numa mesa de negociação é preciso levar no bolso uma boa dose de pedidos de perdão. Israel tem que pedir perdão pela invasão de Gaza com sua política de assentamentos, que derruba casas de palestinos. O Hamas tem que aceitar que Israel veio para ficar na região. E quem mais se sentaria também? Para todos, só é necessária uma boa dose de humildade, de buscar a paz acima de tudo, aceitar a vizinhança e praticar o bem. O que não se leva para a mesa: armas e foguetes.

* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação

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