Artigo de Célia Ladeira – “Comunicação: bem social sem censura”

* Por Célia Ladeira

No último domingo, 21 de maio, a Igreja Católica, em todo o mundo, comemorou o Dia Mundial da Comunicação Social, uma data que se torna ainda mais relevante diante de tantas notícias enganosas, fake news e outras mentiras que enxovalham jornais, revistas e redes sociais. O dia foi instituído em 1967 pelo Papa Paulo VI numa época em que ainda não existiam internet, WhatsApp, Tik toks e outros espaços públicos para quaisquer manifestações individuais ou sociais.

A data foi celebrada pela imprensa mundial e pelas organizações religiosas e o próprio papa Francisco, em sua homilia no domingo, lembrou a importância de uma comunicação que melhore as relações entre os povos, que ajude a diminuir as guerras, que ajude a defender os povos mais vulneráveis e oprimidos em sua luta pela dignidade.

No domingo, uma cena, reproduzida por televisores em todo o mundo, chocou boa parte dos que a viram. Na Espanha corria mais uma partida de futebol da La Liga, a federação espanhola, no estádio do Valencia. La pelas tantas, a torcida do time da casa não aguentou as jogadas fenomenais de Vinicius Júnior, o brasileiro que é jogador do Real Madri, e começou a vaiá-lo com adjetivos racistas. O racismo, na sua expressão mais chula, correu o mundo e mostrou como a humanidade ainda tem que evoluir muito no caminho da aceitação de todos os povos.

Enquanto vários países discutem como regulamentar a comunicação, como impedir cenas como a que inundou televisores mundo afora, como tomar partido político e mostrar só um lado de um debate parlamentar, é importante defender uma comunicação livre, em que expressões diversas possam ser exibidas, para o julgamento dos diferentes ouvintes. Não é com censura que se melhoram as relações sociais, que se aceitam as divergências. A Comunicação precisa mostrar o nível em que se encontra a população de um país, para contribuir com o amadurecimento dos povos e com uma relação mais saudável entre todos.

Nestes tempos em que a comunicação é utilizada para criar conflitos, relações de ódio, produção de intrigas e mentiras, em que se destroem adversários, em que se perseguem opositores, nada como um banho de paciência para optar pela informação correta, em que as várias posições sejam apresentadas para garantir a informação real dos leitores. Os meios de comunicação estão ao nosso serviço e cabe a todos saber usá-los, com prudência e sabedoria. Que possamos produzir a paz e não a guerra, o respeito e não a vaia, o progresso e não o atraso.

* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação