
Artigo de Célia Ladeira – “Esperando o novo ano”
* Por Célia Ladeira
Estamos nos despedindo de 2023 com vontade de deixar para trás tudo o que aconteceu neste velho ano. Mudança de governo, mudanças econômicas, notícias de suicídios de jovens, insegurança nas grandes cidades, desemprego. E para culminar com tantas desgraças, a partir de outubro passamos a conviver com notícias diárias da guerra em Gaza, com sua dose permanente de centenas de mortes, especialmente de palestinos.
Parece que o ódio passou a dar as cartas em 2023, seja em Gaza como em outros países. No Brasil, a política do ódio se impôs sobre os políticos de diversos partidos, sem distinção de siglas. A volta do PT ao poder trouxe junto a vontade de desafogar as mágoas deixadas pela Lava a Jato, o que fez com que ministros do Supremo assumissem o papel de justiceiros do bem. Muitos foram presos. Até mesmo idosos e crianças que ousaram manifestar suas preferências políticas em passeatas na Esplanada dos Ministérios em Brasília.
O clima teve sua dose de participação no mal-estar geral. Choveu como nunca no sul do país, enquanto moradores do norte se assombraram com a seca que tomou conta dos leitos dos rios, que nunca haviam secado antes, como alguns afluentes do rio Amazonas.
O ano termina sem definição do maior problema enfrentado pela população do planeta: a guerra de Gaza, sempre um passo atrás de se tornar uma terceira guerra mundial, mas deixando a cada dia sua dose de destruição e morte. As lideranças israelenses, esquecidas do passado não tão longínquo do nazismo, pareceram se vingar dos sofrimentos do passado oprimindo e matando um povo palestino, já perseguido por anos de guerra. As bombas de Israel não pouparam hospitais, bebês prematuros, médicos, mulheres grávidas ou não, e pasmem, nunca se matou tantos jornalistas como em Gaza, quase cem. Nem na Guerra Civil Espanhola, quando Hemingway quase perdeu a vida, jornalistas morreram como em Gaza.
Chegamos ao fim de 2023 com muitos suspiros de alívio, embora sem a solução desejada. Russos e ucranianos deixam para o próximo ano suas pendências, israelenses continuam com sua sanha em terras alheias, e a economia promete suas surpresas de sempre. Que venha 2024 trazendo alguma paz ao mundo.
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação



