Artigo de Célia Ladeira – “Israel acusado de crimes em Haia”

* Por Célia Ladeira

A imprensa brasileira não transmitiu a sessão do Tribunal Penal Internacional de Haia, realizada no dia 11 de janeiro de 2024, quando a África do Sul apresentou uma queixa crime contra o governo de Israel por violências praticadas contra o povo palestino. Graças ao site jornalístico OperaMundi, porém, tivemos acesso à sessão.

Coube ao ministro da Justiça da África do Sul, Ronald LaMola, iniciar a sessão, lembrando as palavras de Nelson Mandela, o líder africano, segundo o qual a África do Sul só seria livre no dia em que os palestinos também o fossem. O ministro afirmou que Israel controla os espaços aéreos, o fornecimento de água, os cortes de energia elétrica, as entradas e saídas da cidade, nega a entrada de alimentos e usa estas restrições para impedir a fuga da população.

Duas advogadas, a seguir, apresentaram as acusações. A advogada Adila Hanim afirmou que Israel mantem a população de Gaza em estado de fuga, mandando ir ora para o norte, ora para o sul, e atacando estas regiões a seguir com bombas, uma estratégia para aterrorizar os moradores de Gaza e provocar um número grande de mortes. A advogada citou alguns números: mais de 70 por cento das casas foram destruídas. Lembrou que só a ocupação já caracteriza crime, passível de responsabilização.

A advogada Carol Proner, por sua vez, apresentou os últimos números referentes à destruição de Gaza. Foram 3.9oo casas destruídas, transformadas em ruinas, 23 mil mortes até o momento, sendo que 70 por cento são de mulheres e crianças. As ambulâncias e os médicos são atacados igualmente, assim como os socorristas e nem os jornalistas são poupados.

As advogadas lembraram que Israel invade as terras palestinas desde a sua criação como um país em 1947. Lembraram também a questão da responsabilização: quem paga por tanta destruição? A ocupação do território já é crime, que vem ocorrendo desde a instalação do governo de Israel. E as advogadas afirmaram que a resposta ao Hamas não pode destruir uma população inteira. Uma das advogadas citou um vídeo dos soldados israelenses cantando uma música chamada ‘A semente de Amalek’, que compara os palestinos com uma população bíblica que devia ser exterminada.

* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação13

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