* Por Célia Ladeira
Ouvi numa palestra espiritualista a pergunta: existe Justiça sem amor ao próximo? Esta questão me fez pensar. Será que todos os juízes brasileiros olham com respeito para o ser humano que têm à frente na hora de julgar alguém ou dar uma sentença condenatória? Recentemente, tivemos a morte de um preso que morreu na Penitenciária da Papuda em Brasília quando lhe negaram o direito a tratamento médico. O crime deste senhor: participar de uma manifestação política no dia 8 de janeiro de 2023.
O caso do preso Cleriston da Cunha é emblemático. Ele tinha mais de 50 anos e estava em prisão preventiva, quando existe perigo de ficar livre, mas não havia ainda sido julgado. Pesava acusações de tentativa de golpe de estado e participação de manifestação diante do prédio do Senado Federal. Enfrentava problemas cardíacos que ficaram após uma internação por Covid. Seu advogado tentou transferi-lo para um hospital, mas não foi atendido.
Cleriston morreu no dia 20 de novembro de 2023, deixando mulher e duas filhas. Não mereceu nenhum comentário do juiz que assumira o caso, o ministro Alexandre de Moraes.
Sem dó, nem piedade. Nem respeito a vida humana. Está na hora de pensar na justiça que cai implacavelmente sobre alguns, enquanto outros se livram facilmente. Amor ao próximo é o mandamento mais perfeito do cristianismo. Uma Justiça que só enxerga culpados é falha. Negligente, desdenhosa com os seres humanos.
Quantos sofrem nas prisões brasileiras sem um só olhar de algum juiz que possa ser mais atento aos dramas vividos por tantos?
* Célia Ladeira é jornalista, professora universitária e PhD em Comunicação30
